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Empresas de carnes ampliam produção ‘natural’

Companhias de atuação global atendem cada vez mais à demandado consumidor por alimentos orgânicos e sem uso de medicamentos

Por Camila Turtelli
Atualização:
  Foto: CLAYTON DE SOUZA | AE

A tendência global de o consumidor exigir produtos mais naturais, sem o uso excessivo de aditivos químicos e medicamentos, está obrigando indústrias de carnes a reverem seus processos de fabricação para atender às novas demandas. Uma das principais articulações neste sentido – e alvo de muitos movimentos da sociedade civil ligados à alimentação saudável – é a redução do uso de antibióticos nas criações de bovinos, aves e suínos.

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O desafio, neste caso, é manter os atuais níveis de produtividade e baixo custo, substituindo os atuais antibióticos por ingredientes naturais, como prebióticos, probióticos e ácidos orgânicos, além de fazer uso de diferentes estratégias de manejo, nutrição e sanidade. No caso de frangos, por exemplo, o uso dos produtos naturais pode significar gastos maiores na criação.

A boa notícia é que a rápida adesão das indústrias ao novo modo de criação pode fazer com que em menos de dez anos a produção, principalmente de aves, fique tão ou mais competitiva que a tradicional. O fundador da consultoria veterinária belga Vetworks, Maarten De Gussem, aposta nessa tendência: “Há cinco anos eu diria que esse tipo de produção (com uso mínimo de antibióticos) era sempre mais custoso. Hoje, digo que depende e, daqui a menos de dez anos, será mais competitiva”, disse ao Broadcast Agro, sistema de notícias do agronegócio da Agência Estado.

Bois e perus. Pesquisa da Cargill divulgada em agosto apontou que a maioria dos consumidores nos EUA e no Brasil quer carne sem uso de medicamentos, e a empresa já adotou medidas para reduzir a aplicação de antibióticos nos confinamentos de bovinos e na criação de perus nos EUA. O McDonald’s anunciou, no mesmo mês, que restringiria o uso de frangos criados com antibióticos em suas lojas americanas. Também nos EUA, Tyson Foods e Pilgrim’s Pride (controlada pela brasileira JBS) divulgaram iniciativas neste sentido.

No Brasil, a tendência já chegou. Do lado da indústria de medicamentos, a Elanco, braço veterinário da Eli Lilly and Company, anunciou recentemente que até o fim do ano vai parar de ofertar no País um antibiótico de classe compartilhada (que pode ser empregado em humanos e animais) e de uso contínuo para fins de crescimento animal.

Já a marca Sadia, da BRF, fez parceria com o chef britânico Jamie Oliver para abrigar, em Goiás, 40 milhões de aves em galpões sob regras do bem-estar. Conforme a BRF, nos criatórios, o uso de antibióticos é proibido. “Foram adaptadas todas as granjas de Buriti Alegre, ou 183 aviários”, disse a BRF. Já a JBS lançou, em 2015, a linha Seara DaGranja, com carne de frango com certificado que atesta que em nenhuma etapa da criação os frangos receberam algum tipo de antibiótico. Conforme a JBS, “as aves têm um sistema de criação sem estresse. Desta forma, o animal não precisa ser medicado”.

Orgânicos. Pioneira no Brasil na produção de carne livre de antibióticos e orgânica, a Korin tem acompanhado a evolução do mercado. “O mundo despertou para a questão”, confirma o diretor industrial da empresa, Luiz Demattê. Segundo ele, nos últimos cinco anos as pesquisas e o mercado cresceram, com o aumento da oferta de produtos alternativos pelas empresas tradicionais e o surgimento de companhias produtoras de insumos próprios para a nova tendência. Para exportação, a questão também se tornou importante. Em agosto de 2015, a Korin enviou seu primeiro contêiner de carne de frango orgânica para a rede de supermercados Park’n’Shop, em Hong Kong. Foram pedidas mudanças na embalagem e nos cortes e os primeiros lotes para venda efetiva no país asiático saíram do Brasil no dia 16.

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