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Empresas de shopping centers devem engordar IPOs na BM&FBovespa

Por Stella Fontes
Atualização:

O setor de shopping centers é forte candidato a integrar uma nova onda de ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) na BM&FBovespa, à medida que projetos que foram engavetados diante do agravamento da crise financeira começam a sair do papel e empreendedores buscam alternativas de financiamento. Segundo representantes do setor, alguns grupos estavam na reta final do processo de preparação para abertura de capital, em meados do ano passado, porém voltaram atrás diante da deterioração do mercado de capitais. "Tinha muita gente na porta do gol, que deverá retomar esse plano para financiar novos projetos", afirmou o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga. Uma das candidatas, segundo fontes do setor, seria a Aliansce Shopping Center, que em 2007 desistiu de uma captação que poderia superar os 600 milhões de reais --à época, a análise da operação chegou também a ser suspensa pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sob a justificativa de que um executivo teria fornecido informações que não constavam do prospecto. A Aliansce, uma joint-venture entre a Nacional Iguatemi e a norte-americana General Growth Properties, foi constituída em 2004 e atualmente administra ou participa de 20 empreendimentos, entre os quais o Shoopping Iguatemi Salvador. Conforme informação do site da empresa, outros quatro projetos estão em desenvolvimento. Procurada, a empresa informou, por meio da assessoria de imprensa, que está em período de silêncio até novembro, sem indicar o motivo, e que não pode se pronunciar sobre o assunto. "O caminho natural do setor é a bolsa. Essa é uma tendência já inaugurada e que deve ser seguida por quem ainda não está listado", disse o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun. Na avaliação de Sahyoun, sobretudo os grupos que operam com parceiros europeus e norte-americanos, cujas economias foram mais duramente afetadas pela crise, tenderão a buscar recursos no mercado de capitais para financiar planos de expansão. Em 2009, dois grupos do setor já listados recorreram mais uma vez à bolsa com vistas a financiar a abertura de novos empreendimentos. No início de julho, a BR Malls levantou 836 milhões de reais em uma oferta primária de ações. Já a Multiplan, cujo período de reserva no âmbito da oferta prioritária termina nesta sexta-feira, poderá vender até 35,1 milhões de novas ações. Com base no preço do papel na quinta-feira, a oferta atingiria até 928,4 milhões de reais. Setenta por cento dos recursos captados pela Multiplan irão para novos shopping centers e o restante à incorporação de novos empreendimentos e expansão de negócios existentes. CONFIANÇA DE VOLTA De acordo com o presidente da Abrasce, o efeito da crise sobre o setor limitou-se à adoção de maior cautela em relação a novos projetos. "Há pelo menos 27 projetos na gaveta por conta da crise. Mas, à medida que as empresas voltam a confiar no mercado, eles começam a sair do papel, disse Veiga. Pelos critérios de classificação da Abrasce, que considera shopping centers os imóveis 100 por cento alugados sem unidades vendidas, há pelo menos 7 empreendimentos com inauguração prevista neste segundo semestre e outros 25 em 2010. A Alshop --que utiliza um critério de classificação mais abrangente-- prevê que, em média, 25 shopping centers sejam inaugurados anualmente nos próximos anos no país. "Os grupos que não estiverem capitalizados terão de buscar recursos para fazer frente a essa expansão", observou Sahyoun. Atualmente, há cinco empresas de shopping centers na BM&FBovespa. Além de Multiplan e BR Malls, são elas: General Shopping, Iguatemi e JHSF. Em todo o país, conforme a Alshop, havia 695 shopping centers em operação ao final do primeiro semestre, com um total de 85.878 lojas. Em termos de vendas brutas, considerando-se dados da Abrasce, o setor atingiu a marca de 64,4 bilhões de reais no ano passado, devendo chegar a 70 bilhões de reais em 2009.

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