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Empresas e bancos começam a superar temor com hipotecas

Por MIKE PEACOCK
Atualização:

As empresas mostravam sinais nesta terça-feira de que reduziram a cautela que envolveu a economia mundial desde o início de uma crise no crédito, enquanto dados econômicos mais fracos nos Estados Unidos impulsionavam a probabilidade de um corte da taxa de juros pelo Federal Reserve. A Sony afirmou que listaria as ações da sua unidade financeira na bolsa de valores de Tóquio no mês que vem, arrecadando até 361 bilhões de ienes (3 bilhões de dólares) na maior oferta pública inicial no Japão neste ano. Havia especulações de que a empresa poderia adiar o IPO por causa da crise no mercado, já que bancos de todo o mundo estavam calculando a sua exposição a inadimplência em massa nos financiamentos imobiliários de alto risco, o chamado subprime, que são oferecidos principalmente aos mais pobres. Na Alemanha, o país europeu mais afetado pelas turbulências, o Deutsche Bank, o maior do país, afirmou estar otimista com o trimestre atual e viu sinais de que o mercado está se estabilizando. O presidente-executivo do banco, Josef Ackermann, disse em uma conferência que as problemáticas condições do mercado em agosto tinham prejudicado a empresa. Mas acrescentou: "Estou otimista com o ambiente globalmente para as instituições financeiras". Dois bancos alemães, IKB e SachsenLB, quase naufragaram quando azedaram os investimentos relacionados ao mercado de empréstimos para moradia nos EUA e muitos mais detalharam ter bilhões de euros de exposição. Apesar das vozes otimistas, analistas dizem que são as fortes expectativas de uma redução de taxa básica nos EUA que estão fazendo a maior parte do trabalho para conter novos tremores nos mercados financeiros. Tendo isso em vista, o índice de atividade do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM na sigla em inglês) que mostrou expansão da atividade manufatureira nos EUA em ritmo menor em agosto, junto a uma surpreendente queda nos gastos de construção norte-americanos, elevou as previsões de uma queda de juros na reunião do Fed em 18 de setembro ou mesmo antes. "Eu acho que foi um desapontamento distinto. Ele certamente torna mais provável que o Fed corte os juros e talvez antes de 18 de setembro", disse Michael Metz, estrategista-chefe de investimentos do Oppenheimer & Co em Nova York. O Banco Central Europeu (BCE) deve manter os juros em 4 por cento na quinta-feira devido à incerteza nas condições do mercado. Algumas semanas atrás, um reajuste teria sido visto com grande grau de certeza. SEM FIM NA CRISE DE LIQUIDEZ Os problemas de liquidez persistiram no mercado aberto. A taxa interbancária em Londres em operações de três meses atingiu nesta terça-feira o patamar mais alto em oito anos e meio, refletindo uma forte demanda por dinheiro pelos bancos. Mas as notícias dos bancos e dos investidores corporativos trouxeram um tom mais positivo aos mercados. O banco de hipotecas norte-americano Thornburg, que foi forçado a vender mais de 35 por cento dos seus ativos e reduzir os empréstimos para cortar os seus riscos, afirmou ter completado a securitização de 1,44 bilhão de dólares em empréstimos de baixo risco (os chamados empréstimos prime), o que vai elevar seu potencial para novos financiamentos. Alguns investidores agora vêem oportunidades com as quedas de ativos decorrentes do caos no setor de hipotecas. O Istithmar, de propriedade do governo de Dubai, afirmou nesta segunda-feira que está estudando a compra de duas empresas norte-americanas afetadas pela exposição às hipotecas de alto risco. A agência disse que uma das suas metas é uma empresa de serviços financeiros com potencial para crescer no exterior.

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