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Empresas estimulam trabalho em ONGs

Estratégia une capacitação e responsabilidade social

Por Paulo Justus
Atualização:

Exibir no currículo experiências de trabalho voluntário pode contar pontos na hora de se colocar no mercado de trabalho. Algumas companhias - sobretudo aquelas que estimulam a participação de funcionários em projetos sociais e veem isso como uma forma de desenvolver habilidades - começam a dar preferência a profissionais que tenham esse perfil. Nessas empresas, os programas de treinamento se misturam com ações sociais. Na IBM, o programa Tropas Corporativas para Ações Sociais alia o interesse de crescimento em mercados emergentes ao treinamento de novas lideranças com capacidade para interagir e compreender novas culturas. O programa consiste no envio de profissionais da IBM para ONGs de países em desenvolvimento durante um mês. Nesse período, eles implementam projetos relacionados à sua atividade profissional. "O programa tem o intuito de dar aos participantes um conhecimento abrangente e estimular o contato com outras culturas. Isso obviamente se reverte em capital social para a companhia", diz o gerente de Recursos Humanos da IBM, Osvaldo Nascimento. No ano passado, esse projeto envolveu 110 funcionários de 33 países, entre eles 3 brasileiros. Neste ano, o Brasil foi incluído na lista de países de destino e já recebeu 14 funcionários de outros países que trabalharam em 7 ONGs de São Paulo. O executivo de projetos da IBM Brasil, Rodrigo Barbosa, de 32 anos, foi um dos participantes. Em março, ele foi para a Tanzânia, na África. Lá, ajudou a desenvolver um projeto educacional para jovens e adultos do setor de turismo. "Aprendi que não podemos generalizar quando se fala de África e Ásia", afirma. Barbosa diz que encontrou uma África diferente da que imaginava. "Na Tanzânia, o nível de criminalidade é quase zero, não tem histórico de guerra civil e cristãos e muçulmanos vivem em harmonia." Os programas que aliam treinamento e responsabilidade costumam ser destinados a todos os funcionários, mas frequentemente são capitaneados por executivos. Na Marsh Corretora de Seguros, por exemplo, o projeto de responsabilidade social conta com a participação de Thomaz Menezes, líder da região latino-americana e caribenha da companhia. "Esse tipo de atividade incentiva os funcionários a atravessarem fronteiras que o escritório cria e traz um ganho em integração dentro da empresa", diz a superintendente de Recursos Humanos da Marsh, Débora Mello. A empresa apoia uma creche em São Paulo e incentiva os funcionários a doar tempo para essa e outras instituições. "A participação vem crescendo", diz Débora. Ela ressalta que na hora de contratar a empresa observa também a disposição do candidato para o trabalho voluntário. "Muitas vezes essa experiência em ONGs conta mais que um belo currículo." Para o gerente executivo da consultoria de recrutamentos Michael Paige, Augusto Puliti, há um interesse crescente de profissionais nas atividades sociais. "Do lado das empresas, essa valorização ocorre naquelas que têm cultura de trabalho social."

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