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Empresas inglesas planejam reduzir salário

Pesquisa mostra intenção em 50% das 400 companhias consultadas

Por Daniela Milanese
Atualização:

A deterioração do mercado de trabalho no Reino Unido já causou redução ou congelamento de salários. Pesquisas mostram que, em razão da recessão, esse comportamento deve prevalecer entre as empresas ao longo do ano. Como o desemprego já afetou 2,2 milhões de pessoas, a mais elevada desde 1996, os trabalhadores estão perdendo poder de pressão. Dos acordos firmados em janeiro e fevereiro, quase metade resultou no congelamento dos salários, segundo o Incomes Data Services, após pesquisa com 110 companhias. O salário mínimo teve reajuste considerado modesto até pela Câmara de Comércio Britânica (BCC, em inglês), que chegou a pressionar para que o valor não fosse alterado este ano. Há duas semanas, o governo anunciou que o novo mínimo será de 5,80 libras (US$ 9,30) por hora, uma alta de 7 centavos de libra (US$ 1,10). Pesquisa da BCC mostrou que, das 400 companhias consultadas, 58% planejam manter os salários e 50% consideram reduzi-los nos próximos seis meses. Outra pesquisa, do Chartered Institute of Personnel and Development e da KPMG, aponta que um terço das empresas não pretendem mexer nos salários este ano. Entre as que pretendem elevar os valores, 78% dizem que será menor que em 2008. Para Andrew Smith, economista da KPMG, a queda dos salários pode ajudar a reduzir os custos das empresas e amenizar o corte de vagas. Mas a piora da renda pode provocar retração da demanda agregada. Os funcionários de uma fábrica da Honda na cidade de Swindon tiveram de aceitar um corte de 3% no pagamento dos próximos dez meses. Como compensação, eles receberão seis dias de folga. O sindicato local, o Unite, recomendou o acordo e disse que isso protegerá 490 vagas. A fábrica está fechada há quatro meses por causa da queda nas vendas e reabrirá em 1º de junho. A produção de veículos no Reino Unido caiu pela metade em abril. A ameaça de deflação no país é mais um fator de pressão nos salários. Para o secretário-geral da Associação dos Sindicatos Britânicos, Brendan Barber, o congelamento é a "reação errada" para o comportamento dos preços. "Há empresas que ainda podem dar aumentos justos, capazes de ajudar a economia a se recuperar", disse.

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