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Empresas já encolheram US$ 273 bi

Levantamento calcula desvalorização de companhias com ações negociadas na Bovespa entre 19 de julho e ontem

Por Renée Pereira
Atualização:

A turbulência financeira já reduziu em US$ 273,6 bilhões o valor de mercado das empresas com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), entre 19 de julho e ontem. Só o setor bancário, com participação de 26 companhias abertas, contribuiu com 22,3% do prejuízo do mercado acionário, segundo levantamento da empresa de informações financeiras Economática, com 316 companhias de capital aberto. Veja a perda das empresas Em valores, a desvalorização das instituições financeiras somou US$ 60,9 bilhões. No período de um mês, o Bradesco, o maior banco privado do País, viu suas ações caírem 13,5%. Os papéis do Itaú despencaram 14,43% e os do Unibanco, 10,09%. Já o preço do estatal Banco do Brasil caiu 13,95%. Com as desvalorizações, o valor do setor financeiro na Bovespa recuou para US$ 156,8 bilhões. O segundo lugar no ranking da Economática ficou com as companhias de petróleo e gás. O valor de mercado das seis empresas do setor, incluída a estatal Petrobrás, recuou US$ 38,2 bilhões, de US$ 139,5 bilhões para US$ 101,3 bilhões. O setor de mineração, com três empresas listadas na Bolsa, aparece em seguida e contribuiu com 11,6% do prejuízo total do País. As companhias do segmento, lideradas pela Vale do Rio Doce, tiveram perda de US$ 31,8 bilhões no preço de mercado. Juntos, os três setores (financeiro, petróleo e gás e mineração), que têm 35 companhias, responderam por quase 50% da queda da Bovespa no período calculado pela Economática. O analista da Prosper Gestão, Gustavo Barbeito, destaca ainda que as empresas que estrearam nos últimos meses na Bolsa paulista têm sofrido mais com essa turbulência nos mercados. Parte desse movimento deve-se ao fato de elas terem menos liquidez no mercado e, portanto, representarem mais risco para o investidor, diz o analista. Além disso, cerca de 70% das ações lançadas têm sido compradas por estrangeiros, os primeiros a deixar o País em momento de turbulência e correrem para mercados considerados seguros, como os títulos americanos. O mau humor do mercado financeiro foi desencadeado pela crise de inadimplência nas hipotecas de alto risco dos Estados Unidos. Os alertas sobre os riscos dessas operações já vêm ocorrendo há alguns meses, mas a correria dos investidores se intensificou nas duas últimas semanas depois do anúncio do banco BNP Paribas, o maior da França, de que iria congelar os resgates de três de seus fundos, com ativos de US$ 2,2 bilhões, que têm investimentos em papéis lastreados em hipotecas de alto risco. O anúncio desencadeou uma onda de aversão ao risco entre os investidores e os bancos reduziram o crédito. Isso fez com que alguns bancos centrais injetassem dinheiro no sistema para cobrir o déficit de crédito.Desde então, o mercado vive intensa volatilidade, com as bolsas mundiais registrando desempenho negativo dia após dia. Ontem, por exemplo, o mercado viveu um dia de extremo nervosismo. A Bovespa chegou a cair mais de 8% durante o dia, mas acabou fechando com queda de 2,58%. Na avaliação de Barbeito, a expectativa é que essa volatilidade persista por um ou dois meses. Mas ainda é cedo para saber se essa crise vai se alastrar e restringir o crédito no mundo, o que acabaria respingando na economia real. Por enquanto, diz ele, o que dá pra dizer é que haverá uma mudança do nível de precificação de risco. ''''Parte do que estamos vendo veio para ficar. Não teremos mais spreads e riscos em níveis tão baixos como tivemos até agora'''', afirma o analista. O administrador de investimentos, Fábio Colombo, destaca que a crise de inadimplência das hipotecas de alto risco dos Estados Unidos foi apenas a faísca que precisava para a queda das bolsas. Ele lembra que o mercado acionário vem de cinco anos de altas seguidas, um dos períodos mais longos da história. Só a Bovespa teve uma valorização de 380% entre dezembro de 2002 e julho de 2007. ''''Nenhuma companhia teve crescimento tão alto assim'''', destacou Colombo. TURBULÊNCIA GLOBAL: O ESTOURO DA BOLHA 316 companhias abertas foram incluídas no levantamento 22,3 % foi a participação do setor bancário no prejuízo da Bovespa US$ 60,9 bilhões é o total da desvalorização das instituições financeiras US$ 38,2 bilhões é a perda das companhias de petróleo e gás, a segunda maior do ranking

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