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Empresas perdem R$ 489 bilhões em valor

No ano, queda no valor de mercado chega a R$ 1 trilhão; crise do coronavírus tem afetado, principalmente, setor de viagem e turismo

Por Luis Eduardo Leal e Renée Pereira
Atualização:

A queda de 14,78% na B3 ontem representou perda de R$ 489,2 bilhões no valor de mercado das empresas, segundo a Economática. No ano, as companhias perderam R$ 1,5 trilhão. De sexta-feira para cá, a Bolsa brasileira caiu de 97.996 para 72.582 pontos – perda de 25 mil pontos em quatro sessões, refletindo a pandemia do coronavírus.

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Na segunda-feira, o Ibovespa, principal índice da B3, havia caído 12,17% e, ontem, mais 14,78% – ambas as maiores perdas diárias desde 10 de setembro de 1998, quando o índice caiu 15,83%, em meio à crise da Rússia. O nível de fechamento de ontem foi o menor desde 28 de junho de 2018, quando o Ibovespa havia encerrado aos 71.766,53 pontos.

O circuit breaker – mecanismo automático que suspende os negócios após quedas superiores a 10% – foi acionado duas vezes pela manhã na B3 e, à tarde, uma terceira interrupção ocorreu quando o Ibovespa operava com perdas bem perto de 19% – não houve acionamento do mecanismo, na medida em que a B3 ampliou o limite de flutuação do índice futuro, o que “congelou” tanto o índice à vista como o futuro, com todas as ações do Ibovespa sendo colocadas em leilão. 

A iniciativa deu alívio à pressão sobre o índice, que chegou a cair 19,59%, aos 68.488,29 pontos. Só nesta semana, o circuit breaker foi acionado quatro vezes, algo sem precedentes. 

“Não dá para dizer nada no momento, seria chute. A economia real está parando no mundo: companhias aéreas deixando de voar, hotéis deixando de receber hóspedes, o cliente em geral deixando de consumir, convenções e eventos deixando de acontecer. É um dia de cada vez”, diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor, com 40 anos de experiência e que não se lembra de situação semelhante.

O pânico e os prejuízos que as empresas devem registrar com a crise fizeram as ações das companhias aéreas Gol e Azul despencarem 36,29% e 32,89%, respectivamente. A CVC caiu 29,11%. O setor de viagem e turismo tem sido o mais castigado pela disseminação global do coronavírus. 

Entre as blue chips (ações com maior liquidez na Bolsa), as ações preferenciais da Petrobrás fecharam em baixa de 20,50% e a ordinárias, de 21,08%; a Vale caiu 13,23%. Como tem sido a regra nos últimos dias, nenhuma ação do Ibovespa fechou o dia no positivo. 

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Entre os bancos, Bradesco (PN) caiu 13,41%, Banco do Brasil, 13,29%, e Itaú Unibanco, 9,82%. A queda acumulada da B3 chega a 25,93% na semana, após queda de 5,93% na passada e de 8,37% na anterior. No mês, o Ibovespa recuou 30,32% e no ano perde 37,24%. Em relação ao pico histórico de fechamento do Ibovespa, de 119.527,63 pontos em 23 de janeiro, quase 47 mil pontos evaporaram desde então. 

Painel Bolsa de Valores na sede da B3 Foto: Renato Cerqueira/Futura Press