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Empresas que apostavam na alta do dólar correm para evitar prejuízos

Com a possibilidade maior de impeachment e tendência de queda da moeda americana, empresas desmontam operações e inundam mercado com dólares; intervenções recordes do Banco Central vêm evitando uma queda ainda maior das cotações

Por Josette Goulart
Atualização:
Intervenções recordes do Banco Central vêm evitando uma queda ainda maior das cotações Foto: Reprodução

O mercado financeiro foi inundado, nos últimos dois dias, com operações de empresas que apostavam na alta do dólar para este ano e agora já acreditam que a moeda americana continuará sua trajetória de queda, na medida em que a votação do impeachment da presidente Dilma se aproxima. Para tentar evitar prejuízos em seus balanços, mudaram de posição na bolsa. Somente na terça-feira, a BM&FBovespa registrou US$ 2,6 bilhões de vendas líquidas de posição “comprada” de dólar dessas companhias, ou seja, de apostas na desvalorização da moeda americana, em um movimento totalmente atípico.

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Quando o mercado é inundado de dólares dessa forma, a tendência é que a moeda caia fortemente. Para segurar esse movimento, o Banco Central também entrou no mercado. Em dois dias, leiloou mais de US$ 13 bilhões em swaps cambiais, as maiores atuações desde 2005, quando começou a fazer leilões de swap. Na prática, essa movimentação do BC fez com que o dólar permanecesse quase estável. Tirou assim a volatilidade do mercado e ainda evitou que as empresas perdessem mais dinheiro com a queda do dólar. Ontem, a moeda americana fechou cotada a R$ 3,4858, uma queda de 0,15%. Um executivo de um importante banco estrangeiro diz que sem o BC, na terça-feira, o dólar poderia teria batido em R$ 3,30.

De acordo com operadores de mercado, essa corrida não é feita por empresas que buscam “hedge” cambial, ou seja, proteção das variações do dólar. É um movimento típico de quem está apostando ou na alta ou na queda de um preço na bolsa, usando o que é chamado no mercado de “derivativo”. Normalmente, são grandes empresas com experiência de atuação direta no mercado financeiro que operam dessa forma. 

Uma das companhias que tem experiência nesse mercado é a JBS, a maior empresa de proteína animal do mundo e dona da Friboi. Somente no ano passado, a empresa ganhou mais de R$ 10 bilhões, segundo informou em seu balanço, fazendo operações no mercado de dólar. Mas a posição que assumiu no ano passado trará fortes prejuízos neste ano, caso não mude suas apostas.

Segundo relatório do banco Credit Suisse, no final de 2015 as posições em derivativos de dólar da JBS eram de US$ 12 bilhões. Como o dólar caiu de R$ 3,90 para R$ 3,56, caso tenha mantido a posição, somente no primeiro trimestre teria perdido R$ 5,1 bilhões. Se, no segundo trimestre, o dólar cair mais 10%, terá mais R$ 5,1 bilhões em perdas, segundo o Credit Suisse.

De acordo com informação de algumas corretoras, foi justamente o JBS uma das principais companhias que fez toda essa movimentação. Procurada, a empresa disse que não comenta boatos de mercado.

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