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Empresas trocam os auditórios por salas de cinema

Reuniões são realizadas em cidades diferentes e a um custo mais baixo do que se fossem concentradas na sede das companhias

Por Nayara Fraga
Atualização:

São 10 horas da manhã e o cinema está cheio. As pessoas comem pipoca e olham atentamente para o telão. Mas não se trata de uma grande estreia de Hollywood. Lá na frente está a imagem do presidente do Grupo Petrópolis e, na plateia, seus 3,5 mil funcionários, espalhados em 20 salas de cinema de diferentes cidades, para conhecer o novo "posicionamento de marca" da fabricante de cerveja. E tudo em tempo real.Novidade no meio corporativo, esse tipo de evento tem se tornado uma ferramenta cada vez mais útil tanto para as empresas que têm funcionários em diversas filiais quanto para as redes de cinemas, que enchem as salas nos horários mais ociosos. Empresas como Claro, Mondelez, Coca-Cola e Ticket já usaram esse método para transmitir mensagens aos funcionários, lançar produtos ou promover treinamentos para as equipes de vendas.A ação do Grupo Petrópolis foi realizada no ano passado. Para apresentar as novas campanhas publicitárias - resultado da contratação de uma nova agência de propaganda -, a companhia trocou seus auditórios pelo cinema. Além dos executivos da empresa e da agência, quem apareceu nos telões foi Paulo Storani, ex-comandante do Bope que inspirou o personagem Capitão Nascimento. Ele ministrou uma palestra motivacional para os funcionários da cervejaria. Douglas Costa, diretor de mercado do Grupo Petrópolis, diz que o custo foi aproximadamente três vezes menor do que o valor necessário para realizar um evento presencial que reunisse os funcionários em uma cidade só. "Não foi necessário gastar com transporte, avião, hospedagem. E a gente ainda teve o benefício de provocar o público ao vivo, ainda que não tivéssemos o retorno do áudio." A cervejaria gastou em torno de R$ 700 mil. O dinheiro cobriu o gasto com o aluguel das salas e com a transmissão e geração de conteúdo em tempo real, feita pela empresa Cinelive, especializada na distribuição digital de conteúdo via satélite (leia texto ao lado). Nesse caso, os executivos e o palestrante estavam de fato em um dos cinemas onde a estrutura de filmagem e transmissão foi montada. Mas, na maior parte dos eventos desse tipo, eles vão para um estúdio e de lá passam a mensagem. Isso significa que é possível adicionar recursos de multimídia, como slides e gráficos. Ao mesmo tempo que essas ações representam uma economia de custos para a empresa, elas são uma oportunidade valiosa para as redes de cinema. A Cinemark já tem 39 salas capacitadas para esses encontros. Os eventos, que ganharam o nome de "Cinemeeting" no Cinemark, ocorrem de manhã, período em que não há sessões.Tecnologia. Usar o cinema para fazer evento empresarial não é novidade. Bettina Boklis, diretora de marketing do Cinemark, diz que há muito tempo ocorrem encontros presenciais (quando o palestrante ou executivo está diante da plateia, dentro da sala). "O que estamos vivendo agora é uma evolução desses encontros, que é bom tanto para a empresa quanto para os cinemas", diz ela, em relação à tecnologia de hoje.A rede de cinemas UCI tem um departamento dedicado a eventos corporativos há oito anos. O crescimento desse setor, segundo a empresa, tem sido de 15% ao ano. Com a substituição do projetor de película para o digital, o que possibilita as transmissões ao vivo, a expectativa é receber uma quantidade mais expressiva de eventos.Mais que tecnológica, a revolução também se dá na comunicação corporativa. "Antes, demorava para a informação chegar até a ponta. Pelo telão, passo uma mensagem única e rápida para toda a equipe comercial", diz João Barreto, diretor de trade market da Mondelez, que já fez três eventos do tipo. Um deles lançou novas versões de chocolate, chiclete e biscoitos. Mais encontros "ao vivo" da empresa via telão devem ocorrer no ano que vem.

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