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Empresas voltam à Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

A desvalorização do peso está trazendo de volta empresas argentinas que tinham migrado para o Brasil, atraídas pelos baixos custos gerados pela moeda brasileira, também desvalorizada. Os molhos de tomate Cica, por exemplo, da companhia anglo-holandesa Unilever, passarão a ser produzidos novamente na Argentina, após dois anos do fechamento de sua fábrica na cidade de Mendoza. Há quatro meses que a Unilever está produzindo os molhos de tomate em uma fábrica de Pilar, próxima à cidade de Buenos Aires. A suíça Nestlé, que tinha fechado sua fábrica de café no ano 2000, voltou a fabricar o produto na cidade de Santa Fé. O mesmo ocorreu com a norte-americana Kraft que há três semanas iniciou seu processo de produção de sobremesas Royal, depois de ter passado dois anos produzindo no Brasil. A fabricante de pneus Goodyear e a de tênis Nike estudam voltar a produzir na Argentina. O presidente do Grupo Brasil, entidade que reúne as quase 200 empresas brasileiras na Argentina, Elói Rodrigues de Almeida, alertou que muitas outras empresas argentinas que tinham mudado para o Brasil deverão voltar ao país. Ele acredita que o mesmo ocorrerá com as empresas brasileiras instaladas na Argentina e que produziam antes no Brasil para exportar à este país. Afinal, pelos cálculos do economista Ricardo Delgado, da consultoria Ecolatina, produzir na Argentina hoje é cerca de 40% mais barato do que no Brasil. Segundo Elói de Almeida, diante do atual quadro, o momento é importante para realizar investimentos brasileiros na Argentina. "Hoje está barato produzir na Argentina e exportar para o Brasil e estas empresas serão futuros competidores das brasileiras. Por isso, recomendamos que os brasileiros comprem ou se associem a empresas argentinas, que façam parcerias e avancem juntos rumo aos mercados externos", disse à Agência Estado. O empresário diz que "a qualidade do produto argentino é boa e é muito bem aceito no mercado internacional, além de possuir mão-de-obra especializada e muita matéria prima, o que faz do país um cenário favorável ao investimento e associações". Dentre os setores com chances de crescimento, Elói de Almeida destaca: alimentos, autopeças, serviços, agronegócios, dentre outros. Ele acredita que os setores que geram maiores contenciosos entre o Brasil e a Argentina, como o de frango, suínos, têxteis e calçados, por exemplo, serão os melhores para a realização de parcerias para enfrentar terceiros mercados. "O empresário brasileiro está olhando os mercados externos, e para conquistá-los e enfrentar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) é preciso ter passado pela experiência de trabalhar com o mercado argentino porque, caso contrário, será muito difícil", afirma. Eleições Por enquanto, as empresas brasileiras que se encontram no país - com exceção da Petrobras que negocia a compra da Pérez Companc e, recentemente comprou outra petroleira menor, a Santa Fé - têm uma expectativa sobre o resultado das eleições em ambos países. "Os empresários são otimistas porque conhecem o potencial do mercado argentino e sabem que a situação política, principal problema do país, será regularizada", acredita. "A espera será meio longa porque teremos um 2003 ainda muito convulsionado pelo desemprego e pela crise social e econômica", completou. Elói de Almeida reconhece que a situação argentina de falta de financiamento e toda a crise, criará dificuldades para as empresas brasileiras mas pensa que, justamente, por serem brasileiras, poderão conseguir créditos fora da Argentina. Para passar este momento de crise, ele conta que as empresas brasileiras estão reduzindo custos, cortando pessoal, renegociando salários e diminuindo a produção. "Os negócios estão em banho-maria até que a situação se defina um pouco mais", afirmou, destacando que isso não é impedimento para o investimento estratégico de longo e médio prazos, como as parcerias. Leia o especial

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