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Empréstimo da Siemens deve garantir equipamentos para Angra 3

Por Agencia Estado
Atualização:

A Siemens está negociando com bancos alemães e franceses um financiamento de um bilhão de marcos para a venda de equipamentos para a usina nuclear de Angra 3, afirmou o presidente da Eletronuclear, Flávio Decat de Moura. Ele disse não ter ainda detalhes como prazo e custo do financiamento que a Siemens está procurando, mas informou que o valor da operação corresponde a 31% do custo estimado para terminar a construção de Angra 3, avaliado em US$ 1,75 bilhão. A maior parte dos recursos necessários para a usina será da Eletronuclear com reinvestimento pelo governo, que é o acionista majoritário da Eletrobrás. Para o restante deverá haver financiamentos complementares, informou Moura. Essa busca por dinheiro é uma das providências que estão sendo tomadas pela Eletronuclear na preparação de uma proposta definitiva de construção da usina. Essa proposta deverá estar pronta para apresentação ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em junho, disse o presidente da empresa. A partir do momento em que o Conselho aprovar, a construção da usina levará cinco anos e meio, segundo previsão de Moura. Entre outras providências que estão sendo tomadas na preparação da proposta final ao CNPE estão a manutenção da estrutura já está instalada, os licenciamentos ambiental e nuclear e a renegociação dos contratos assinados com a Siemens (em 1976), a Andrade Gutierrez (em 1982), e empresas nacionais fornecedoras de equipamentos. Moura afirmou que esses contratos com empresas nacionais de equipamentos somam de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões. Também esta sendo preparada uma nova avaliação do custo para terminar a usina, apesar de três já terem sido feitas, resultando na média de US$ 1,750 bilhão. O valor dos ativos já existentes na obra de Angra 3 é de US$ 750 milhões, segundo Moura. Ele disse que esses ativos são materiais com uso restrito à usinas nucleares, caso se decida por não continuar Angra 3, eles só teriam mercado como sucata e assim valeriam apenas US$ 40 milhões. Ele disse também que o custo de manutenção da usina é de US$ 20 milhões por ano e que o custo de multas contratuais para o cancelamento do projeto é de US$ 70 milhões. De acordo com ele, com Angra 3 operando, a Eletronuclear poderia ser uma empresa com custos e receitas equilibrados, sem depender de verbas do governo. "A Eletronuclear tem que viver sozinha e pode viver sozinha. É o pior dos mundos ter uma empresa em uma área sensível como a Eletronuclear vivendo de aportes extraordinários do governo?, disse Moura. Ele afirmou que Angra 3 tem viabilidade econômica por ter ?um valor incremental? de R$ 73 a R$ 111 por MWh e seu combustível, o urânio, tem custo estável de R$ 8,50 por MWh. ?O custo do urânio é estável e em reais, ao contrário do gás, em que 50% é custeado em dólar?, afirmou. O Brasil tem 6,1% das reservas mundiais de urânio tendo prospectado apenas 30% do seu território e, de acordo com Moura, há planos de exportar parte desse minério para custear a pesquisa de outras áreas, bem como a extração e produção do urânio enriquecido. Angra 3 terá potência de 1350 Mwh, a mesmo que Angra 2 e a mesma capacidade de produção. Em seu primeiro ano em funcionamento, Angra 2 produziu 10,498 milhões de MWh, alcançando o décimo sexto lugar no ranking mundial de geração nuclear. De acordo com o diretor de Operação e Comercialização da Eletronuclear, Pedro José Diniz Figueiredo, esta produção e o posicionamento no ranking mundial foram ?fantásticos? e ?totalmente inesperados? considerando que é o primeiro ano e que a geração de energia ainda será maior. Moura e Diniz participaram do seminário ?A importância da energia nuclear e seu futuro no Brasil? que está sendo realizado no Centro Cultural da Justiça Federal.

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