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Empréstimos do BNDES têm queda de 19% no ano

Até abril, desembolsos somaram R$ 21,4 bilhões, mas aprovações de novos financiamentos aumentaram; para o banco, resultado ainda reflete recessão

Por Vinicius Neder e Daniela Amorim (Broadcast)
Atualização:

RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou em abril R$ 6,319 bilhões para empréstimos já aprovados, queda de 14% em relação a igual mês do ano passado, descontada a inflação. Nos quatro primeiros meses do ano, foram desembolsados R$ 21,443 bilhões, 19% menos que no primeiro quadrimestre de 2016. Em nota, o banco de fomento destacou que os dados, divulgados ontem, ainda refletem a recessão iniciada em 2014.

Por outro lado, o BNDES informou que o crédito para capital de giro, na linha Progeren, desembolsou R$ 2,2 bilhões entre janeiro e abril, alta nominal (sem descontar a inflação) de 339% em relação a igual período do ano passado. As aprovações de novos empréstimos na Finame, linha de financiamento de bens de capital, acumularam R$ 6,7 bilhões no primeiro quadrimestre, alta nominal de 38% ante o mesmo período de 2016.

As aprovações de empréstimos somaram R$ 18,248 bilhões até abril, queda de 4% quando se considera a inflação Foto: Paulo Vitor/Estadão

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“O desempenho operacional do BNDES nos quatro primeiros meses confirma sinais de recuperação da economia com aumento das aprovações de crédito para o setor industrial e para a aquisição de máquinas e equipamentos”, diz a nota do BNDES.

Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP, as linhas de curto prazo oferecidas pelo BNDES, como a de capital de giro, “amenizam” os efeitos da recessão sobre o endividamento das empresas, mas não bastam para impulsionar a recuperação. Assim como a melhora no crédito para bens de capital, o efeito desse tipo de financiamento na economia esbarra na elevada ociosidade das empresas.

“Na indústria, há um excesso de capacidade de oferta. A indústria até precisaria investir na modernização, mas não em expansão”, disse Lacerda.

O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci), medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), ficou em 77,1% em março. Para André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, é uma “ociosidade gigantesca”. Mesmo que a percepção de risco sobre a solvência fiscal do País no médio prazo melhore, derrubando os juros, faltarão motivos para investir. “Empresário não investe porque o juro é baixo, mas porque tem demanda”, afirmou Perfeito.

O desempenho dos empréstimos antigos do BNDES para a indústria segue no negativo, com queda nominal de 35% de janeiro a abril em relação aos quatro primeiros meses de 2016. As aprovações de novos financiamentos para a indústria somaram R$ 4,654 bilhões de janeiro a abril, alta de 34%, sem descontar a inflação.

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No geral, as aprovações de empréstimos somaram R$ 18,248 bilhões até abril, queda de 4% quando se considera a inflação. As consultas, primeira etapa do pedido de financiamento, que servem de sinalização do apetite por investimentos, chegaram a R$ 6,316 em abril, somando R$ 27,548 bilhões no primeiro quadrimestre, queda de 31%.

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