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Encontro de Tóquio termina com divergências entre países

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de três dias de debates intensos - e em alguns momentos até ásperos - ministros de mais de 20 países concluíram seus encontros em Tóquio sem conseguir afastar o fantasma de uma crise de credibilidade na Organização Mundial do Comércio (OMC). Hoje, no último dia de reuniões, os países acusaram uns aos outros de estarem atrasando as negociações. Já o Brasil, saiu da capital japonesa com o sentimento de que pelo menos conseguiu preservar os interesses nacionais na agenda central da OMC. A reunião convocada pelos japoneses confirmou que existem divergências enormes entre os membros da OMC, que deverão ser solucionadas de forma urgente se quiserem que as negociações de fato terminem em 2005, como estava previsto desde 2001. O comissário de Comércio da União Européia (UE), Pascal Lamy, deu um dos sinais negativos da reunião ao afirmar acreditar que somente em setembro, na reunião ministerial da OMC em Cancun, é que se poderia dizer se o prazo de 2005 será cumprido. O Brasil, porém, se recusa a falar em um possível adiamento do prazo de 2005 e os representantes do governo na reunião insistiram para que seja cumprido o cronograma. "Para isso, os países devem estar dispostos a fazer esforços de liberalização, o que não está acontecendo em algumas áreas, como agricultura", afirmou um dos diplomatas brasileiros ao deixar Tóquio. Para o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, a reunião serviu para que o País não deixasse que os temas prioritários para a economia nacional fossem tratados de forma marginal pelas grandes potências. "Os interesses do Brasil foram colocados e garantimos que sejam avaliados pelos demais negociadores ao formularem suas posições", afirmou o ministro, que foi acompanhado em Tóquio pelo chanceler Celso Amorim e pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Agricultura Um desses temas prioritários para o Brasil é a agricultura. Há poucos dias, a OMC apresentou uma proposta de liberalização e de eliminação dos subsídios em dez anos. Mas o Japão, que presidia as reuniões e é um dos países mais protecionistas do mundo, queria rapidamente acabar com o debate sobre o tema para evitar ter que dar sua opinião. Brasil e Estados Unidos insistiram para que houvesse uma conversa extensa sobre o assunto, o que acabou ocorrendo. Mesmo assim, o resultado foi uma proliferação de críticas de uns contra os outros e apenas a decisão de pedir que a OMC produza um novo texto. A reunião também viu os principais atores mundiais - Estados Unidos e União Euroéia -, trocarem farpas. O representante de Comércio da Casa Branca, Robert Zoellick, acusou Bruxelas de não estar pronta para negociar temas agrícolas. Já Lamy, apontou que os norte-americanos também praticam políticas que distorcem o comércio internacional e que a UE somente aceitaria negociar se houvesse um compromisso dos Estados Unidos de que também farão o mesmo. Diante de tantas diferenças, talvez a única conclusão da reunião foi o compromisso de que os ministros voltarão a se reunir no Egito, no final de junho, para retomar o debate político sobre as negociações. Até lá, os diplomatas terão que tentar fazer progressos em Genebra para evitar uma paralisia geral na OMC.

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