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Energia solar térmica, para aquecimento de água, quer mesmo tratamento da fotovoltaica para crescer

Balanço Energético Nacional Energia solar térmica está presente em 5% dos lares brasileiros

Por Denise Luna (Broadcast)
Atualização:

RIO - Sem o glamour da geração solar fotovoltaica, a energia solar térmica vai ganhando espaço na matriz energética brasileira e pela primeira vez vai aparecer no Balanço Energético Nacional (BEN), publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), comemora o recém-empossado presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Térmica (Abrasol), Luiz Antônio Santos Pinto. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o executivo afirmou que vê espaço para um crescimento ainda maior, "se houver para a tecnologia o mesmo apoio governamental que foi dado à geração fotovoltaica", afirmou.

Surgida na década de 1970 para enfrentar a crise do petróleo, e recebendo um novo impulso no racionamento de energia elétrica de 2001, a energia solar térmica também cresceu com o programa Minha Casa, Minha Vida. Nos últimos dois anos, afetados pela crise hídrica e pela pandemia do covid-19, o aumento anual de Sistemas de Aquecimento Solar (SAS) no País foi da ordem de 25%, mas poderia ser bem maior, na avaliação de Pinto.

Coletor Solar instalado em telhado de prédio; para Luiz Antônio Santos, presidente da Abrasol, o Brasil está aquém do que acontece no mundo com o aquecimento solar Foto: Hélvio Romero/Estadão - 26/05/2009

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"Todo mundo precisa de água quente e o aquecedor solar é a maneira mais racional e ecológica de aquecer a água, principalmente no uso doméstico, que precisa de 60/70 graus. Nós temos uma das melhores tecnologias do mundo, totalmente nacional e muito eficiente, adaptado para a nossa realidade", argumentou o executivo, que prevê repetir este ano crescimento similar aos de 2020 e 2021.

A energia solar térmica é utilizada em residências, comércio (restaurantes, lavanderias, pet shops etc) e indústria para aquecimento de água. No caso das residências, substitui o chuveiro elétrico, maior vilão em épocas de energia cara, como o atual. Mesmo assim, hoje está presente em apenas 5% dos lares brasileiros, com potencial de dobrar essa participação até 2031, segundo a EPE (PDE 2031), com o abatimento de 1,8 Terawatt-hora (TWh) do consumo potencial de eletricidade no mesmo ano.

Segundo a EPE, a difusão do uso de energia solar térmica é avaliada pela área total de coletores instalados no País. A área total acumulada de coletores atingiu por volta de 19,2 milhões de metros quadrados (m2) em 2020, o equivalente a 13,4 gigawatts (GW), uma potência próxima da usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Em termos anuais, a área de coletores novos passou de cerca de 400 mil m2 em 2005 para perto de 1.417 mil m2 em 2020, representando um crescimento um pouco maior que três vezes e meio no período. O setor residencial representa 70% desse total.

Apesar dessa evolução, Pinto ressalta que, em comparação ao resto do mundo, o Brasil ainda engatinha nessa fonte. A China, por exemplo, tem mais de 300 milhões de metros quadrados de aquecedores solar, enquanto o Brasil ainda não chegou aos 20 milhões de m2, pontua. Para estimular o setor, Pinto reivindica linhas de financiamento que facilitem principalmente a questão das garantias, maior obstáculo para os projetos de SAS. Ele destaca que o retorno com a instalação dos SAS é bem mais rápido do que o da energia solar fotovoltaica, de cerca de dois anos, e os equipamentos duram entre 25 e 30 anos.

"As instituições (bancos) alegam que não têm garantia. Na fotovoltaica eles tiram os painéis e colocam em outro lugar, mas o sistema de aquecimento faz parte da infraestrutura dos locais instalados, não é possível retirar os equipamentos", explicou.

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Outra maneira de estimular a energia solar térmica seria a inclusão do sistema nos projetos habitacionais do governo, como ocorreu no Minha Casa, Minha Vida, sugere o executivo. O governo Bolsonaro substituiu, em 2021, o programa Minha Casa, Minha Vida pelo Casa Verde Amarela, que aumentou o valor do imóvel a ser adquirido, mas segue praticamente os mesmos princípios do programa anterior, ou seja, financiar casas populares. Na quarta, 16, o Senado também aprovou uma Medida Provisória do governo que cria um programa habitacional específico para profissionais da segurança pública, que agora só depende da sanção presidencial, onde também poderia ser aplicada a tecnologia.

"O programa Minha Casa, Minha Vida utilizou bastante o aquecimento solar térmico e deve retornar, tomara que o governo retome nos seus programas habitacionais. O Brasil ainda está muito aquém do que acontece no mundo com o aquecimento solar", avaliou.

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