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Enquanto crédito desacelera, Bradesco mira carteiras

Por ALUÍSIO ALVES
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Ao mesmo tempo em que prevê desaceleração do crescimento orgânico das operações de financiamento, o Bradesco planeja reforçar a compra de carteiras de instituições menores, aproveitando-se da flexibilização do compulsório pelo Banco Central. "As medidas do BC nos deixou mais de 6 bilhões de reais liberados e pretendemos usar todo o estoque, se houver oferta", disse o presidente da instituição, Márcio Cypriano, em teleconferência com jornalistas, ao comentar os resultados do terceiro trimestre de 2008. O executivo disse que o Bradesco já recebeu propostas para a compra de 20 carteiras, num total de 10,7 bilhões de reais. Deste total, foram analisados portfólios de 7,33 bilhões de reais. O banco comprou 1,5 bilhão de reais e pode anunciar até amanhã a compra de outras nove carteiras, com um montante de 1,4 bilhão de reais. "O efeito das medidas do BC serão sentidas nos próximos trimestres", previu Cypriano, citando a preferência do Bradesco por carteiras de crédito consignado, financiamento de veículos e crédito para empresas de pequeno e médio portes. Em contrapartida, o banco já vê um horizonte menos promissor para a expansão de suas próprias operações de crédito, apesar de seus resultados parciais apontarem para uma expansão bem superior à prevista para o ano. No final de setembro, a carteira de financiamentos do Bradesco chegou a 197,25 bilhões de reais, um crescimento de 40,8 por cento em 12 meses. Ainda assim, a previsão de incremento no ano foi mantida na faixa de 24 a 29 por cento. Para 2009, a projeção está sendo revista, mas a instituição já fala de algo em torno de 20 por cento de avanço, com base numa expectativa de crescimento de 3 por cento do PIB brasileiro. Diante desse cenário, o Bradesco congelou seu plano de expansão de pontos de atendimento. Depois de ter aberto 168 novas agências este ano, o banco ainda planeja abrir outras 21 até dezembro, que estão em construção. Outras 200 deveriam ser inauguradas no ano que vem. "As novas nós vamos segurar por um período", anunciou. SEM EXOTISMO A instituição informou que a turbulência do mercado financeiro nas últimas semanas produziu um impacto forte em sua carteira de títulos, como efeito da marcação a mercado, de 375 milhões de reais. Executivos do banco repetiram diversas vezes durante a teleconferência que a instituição não tem operações com derivativos alavancados, os chamados target forward, que geraram perdas a empresas domésticas, como Sadia e Aracruz. "Temos uma política aqui dentro: quando eu não entendo de uma operação, eu não faço", disse Cypriano. Nas operações tradicionais de derivativos para proteção cambial, o Bradesco informou que a volatilidade recente produziu um valor a receber de 973 milhões de reais de clientes. De outro, tem 655 milhões a pagar. O maior banco privado do país encerrou o terceiro trimestre do ano com um lucro líquido de 1,91 bilhão de reais. Com o resultado do trimestre passado, o lucro do Bradesco de janeiro a setembro atingiu 6,015 bilhões de reais, um aumento de 3,4 por cento em relação ao resultado apurado no mesmo período do ano passado. (Reportagem de Aluísio Alves; Edição de Alexandre Caverni)

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