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Ensino básico trava admissões em Suape

Com avanço acelerado do complexo, PE vive 'apagão' de mão de obra qualificada

Por Angela Lacerda e RECIFE
Atualização:

Vagas.

Pernambuco busca qualificar profissionais para evitar 'importação' de profissionais nos grandes projetos industriais

 

 

 

 

 

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Procura-se carpinteiro, topógrafo, nivelador, montador de andaimes. Precisa-se de engenheiros com urgência. Há vagas abertas nas obras de construção civil que se instalam no complexo portuário e industrial de Suape, na região metropolitana de Recife, em Pernambuco. Entretanto, falta mão de obra qualificada para as vagas abertas no Estado, que vive um "boom" da construção civil graças a grandes projetos industriais. O PIB de Pernambuco cresceu 3,8% em 2009 - período em que o PIB brasileiro teve retração de 0,2% -, e a previsão para 2010 é de avanço de 7,2%. O foco das atenções é Suape, onde se instalaram o Estaleiro Atlântico Sul, a Refinaria Abreu e Lima e o Polo Petroquímico. "Tivemos uma mudança de ritmo que causaria desequilíbrio entre demanda e oferta de mão de obra em qualquer parte do mundo", diz o diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Antonio Carlos Maranhão de Aguiar, ao ilustrar o que ele chama de "santa revolução": a procura por soldadores no Estado passou de 40 profissionais por ano - média entre 1997 e 2006 - para 2,5 mil a partir de 2007."Suape se transformou em um pátio de obras", reforça a superintendente das Agências de Trabalho no Estado, Angela Morshel, num contexto em que um carpinteiro é chamado hoje de "mosca branca" pela construção civil, diante da dificuldade para contratação do profissional.A batalha conjunta do governo do Estado, prefeituras, empresas e órgãos institucionais (Senai, Sesi, e Instituto Federal de Educação Tecnológica - Infet, antigo Cefet) para qualificar e aproveitar mão de obra pernambucana nem sempre tem sucesso. A estimativa é de que mais de 4 mil operários de fora vieram para Pernambuco para trabalhar somente nos três maiores empreendimentos - enquanto isso, o desemprego na região metropolitana do Recife está em 11,2%, de acordo com o IBGE.O Estaleiro Atlântico Sul, por exemplo - que lançou ao mar, em maio, o primeiro de 10 navios petroleiros Suezmax encomendados pela Transpetro dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) - investiu R$ 16 milhões desde 2007 na formação de cerca de 3 mil pessoas. Em busca de soldadores, recorreu até ao Japão: trouxe de volta 130 dekasseguis, como são chamados os trabalhadores estrangeiros no país asiático."A grande dificuldade é o nível de educação e qualificação da força de trabalho, porque os postos de trabalho oferecidos exigem atributos especiais de qualificação profissional", afirma o economista Jorge Jatobá, da consultoria Ceplan, ao destacar que não apenas Pernambuco, mas o Brasil como um todo, enfrenta um "apagão de qualificação".Ensino básico. A raiz das dificuldades está na base do ensino. Hoje, segundo o IBGE, o analfabetismo puro (pessoas que não sabem ler nem escrever) e o funcional (incapacidade de entender ou interpretar o que se lê) atingem 40% da população do Nordeste com mais de 15 anos. Por conta disso, diz Jatobá, empresas exercem função do poder público, arcando com gastos de ensino para os trabalhadores.O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp), que lançou edital para a nova etapa para o processo seletivo para capacitação gratuita de candidatos, tem 8.362 vagas para Pernambuco, pela necessidade de atender aos empreendimentos de Suape. Na etapa anterior, das 7.517 vagas destinadas a Pernambuco, 20% deixaram de ser preenchidas, especialmente por conta de deficiências em educação básica. Por isso, o governo estadual está oferecendo reforço de escolaridade em português e matemática aos interessados.2 RAZÕES PARA...A escassez de mão de obra1. A deficiência da educação básica restringe o acesso dos trabalhadores às novas vagas ofertadas pela construção civil.2. A indústria busca pessoal qualificado e experiente para funções como a de soldador, cuja a demanda chega a 2,5 mil profissionais por ano no Estado.

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