Publicidade

ENTREVISTA-Amorim mostra preocupações com tempo curto para Doha

Por DANIEL FLYNN
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, demonstrou preocupação na terça-feira com o tempo curto para as negociações comerciais globais e teme que seja muito difícil um acordo se as conversas se prolongarem até junho. O secretário-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Pascal Lamy, afirmou recentemente acreditar que um avanço nas negociações da Rodada de Doha, que já têm sete anos, seja possível até o final de maio. Amorim afirmou que o ponto de partida para qualquer avanço continua sendo um acordo para limitar os subsídios agrícolas do Ocidente e garantir a abertura dos mercados. "Pascal Lamy está um pouco otimista", disse Amorim depois de se reunir com o chefe da OMC em uma conferência de comércio e desenvolvimento da ONU em Gana. "Eu também estou otimista, mas acho que ainda existe um caminho a percorrer e estou um pouco preocupado com o passar do tempo", disse ele à Reuters. Amorim afirmou que os negociadores precisam concluir um acordo revisado sobre tarifas e subsídios agrícolas em breve para que uma rodada final de negociações possa ser retomada bem antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos. "Uma coisa que sabemos que não poderemos adiar é a eleição norte-americana, por isso acho que é muito importante que todos, incluindo o presidente do comitê agrícola, estejam cientes desse fato", disse ele. Questionado se é possível chegar a um acordo em maio, Amorim respondeu: "Estou cada vez mais preocupado que maio possa ficar para junho e, se passarmos de um dado momento em junho, pode ficar muito tarde. Estou realmente preocupado com isso". O recente aumento dos preços mundiais dos alimentos, que causou tumulto em muitos países pobres e que pode se manter por um longo tempo, mudou as circunstâncias das negociações, disse ele. "É importante que esses países (pobres) possam ver benefícios reais nas limitações aos subsídios, na abertura dos mercados, e é claro que isso vai exigir mais liderança dos países desenvolvidos do que talvez há dois anos", disse ele. "O que eles têm que fazer é um compromisso de que no futuro não vão gastar mais do que estão gastando agora", disse ele.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.