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ENTREVISTA-Banco Votorantim coordenará atividades do Banco do Brasil fora das agências

Recém-egresso de uma dolorosa reestruturação de dois anos e meio, o Banco Votorantim dá os primeiros passos de um processo de diversificação dos negócios, com o qual pretende fazer sua rentabilidade sair do chão para níveis semelhantes aos de seus principais concorrentes até 2016. O eixo da estratégia é gradualmente gerir mais atividades de seu sócio Banco do Brasil fora das agências, passando com isso a ter uma maior parcela das receitas com serviços, disse nesta terça-feira o presidente-executivo do Banco Votorantim, João Teixeira. "Vamos explorar as atividades de varejo que o Banco do Brasil não quiser fazer sozinho", disse o executivo à Reuters. "Ao mesmo tempo, ficamos menos dependentes do mercado automobilístico." Hoje, a carteira de automóveis responde por cerca de três quartos da carteira de varejo do Banco Votorantim, de cerca de 40 bilhões reais. O setor automotivo, que teve em 2013 a primeira queda nas vendas em uma década, segue fraco, em meio a uma menor oferta de crédito dos bancos e à fraca atividade econômica do país. O plano em andamento avança à medida que o Banco Votorantim, líder em concessão de financiamento para automóveis usados no país, busca alternativas para ficar menos vulnerável a um mercado cujo estouro da inadimplência dos últimos anos o levou a prejuízos de 2,5 bilhões de reais entre 2012 e 2013. O ajuste envolveu reduzir a produção de crédito de 3 bilhões para 1 bilhão de reais ao mês e o corte de 40 por cento da equipe, hoje com cerca de 5,3 mil funcionários. Com a página da reestruturação em direção ao retrovisor, o Votorantim agora se concentra em planos ambiciosos. "O lucro deve dar um salto em 2015; em 2016 deve ter uma rentabilidade semelhante à da média do sistema financeiro", disse ele acrescentando que nos últimos nove meses o banco tem operado no azul. No varejo, o foco é explorar a complementaridade com o BB, do qual planeja gerir as atividades de serviços fora das agências, como correspondentes bancários e até do Banco Postal, gerando negócios como crédito, cartões, seguros etc. Com o ganho de escala esperado, o banco espera rentabilizar melhor algumas operações, como as de crédito consignado e o financiamento para pequenas e médias empresas.

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

ATACADO

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Se no varejo as parcerias com o sócio BB parecem mais adiantadas, na operação de banco de atacado, Teixeira, que assumiu a presidência do Banco Votorantim em setembro de 2011, parece ter um caminho mais longo pela frente.

Quando em 2009 comprou 49,99 por cento do Banco Votorantim, virando sócio minoritário no braço financeiro da família Ermírio de Moraes, o BB tinha como um dos principais objetivos aproveitar a estrutura mais flexível de remuneração de um banco privado para competir em condições de igualdade com pesos pesados de banco de investimento no país. Em segmentos como fusões ou captações externas isso não aconteceu.

Para tentar desatar o nó, o Votorantim vem reforçando suas franquias internacionais, em Nova York e em Londres e recentemente trouxe o experiente executivo Paulo Mendes para comandar o braço de banco de investimentos do grupo.

O plano de longo prazo é desenhar produtos de dívida corporativa em parceria com o BB, como os Certificados de Operações Estruturadas (COE), instrumento financeiro que combina características de renda fixa e variável e que deve começar a operar integralmente neste segundo semestre.

"Não vamos brigar por rankings, mas oferecer soluções específicas que os clientes precisarem", disse Teixeira.

No mês passado, o Banco Votorantim lançou na BM&FBovespa o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios de debêntures de infraestrutura, em parceria com o Banco do Brasil.

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