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ENTREVISTA-Biocombustível e clima são desafios contra a pobreza

Por NAO NAKANISHI
Atualização:

As mudanças climáticas e os biocombustíveis representam novos desafios para a luta contra a pobreza, o que exige que os cientistas cooperem como nunca, afirmou o novo chefe de um organismo internacional dedicado à pesquisa no setor agrícola. Ren Wang, diretor do Grupo Consultivo sobre Pesquisas Agrícolas Internacionais (CGIAR), disse à Reuters que novos tipos de planta, como um arroz resistente à seca, são cruciais para garantir o suprimento de comida, especialmente tendo em vista que a população mundial continua crescendo. A criação de novas espécies capazes de permitir aos produtores adaptarem-se a condições climáticas cada vez mais adversas é possível somente por meio de parcerias, afirmou o cientista chinês. "Tenho a impressão de que o CGIAR...pode fazer mais", disse Wang, que chegou a Washington vindo do Instituto Internacional para Pesquisas sobre o Arroz (Irri), nas Filipinas. "Gostaria de tornar mais numerosas e mais amplas as parcerias no desenvolvimento de novas tecnologias apropriadas para lidar com as questões da mudança climática." O CGIAR é uma rede mundial de centros de pesquisa agrícola que conta com o apoio de entidades como o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. "Assistimos a um aumento no número de casos de seca e enchente. Isso representa uma ameaça particularmente séria ao suprimento mundial de comida", afirmou Wang em entrevista concedida nesta semana, por telefone. "Vimos uma elevação dramática nos preços do milho ou do trigo. E a Indonésia enfrenta uma carência realmente problemática de estoque de arroz." As declarações de Wang foram feitas no momento em que os preços internacionais do trigo chegaram ao maior valor em 11 anos devido ao clima seco ou às chuvas nas principais regiões de produtoras de trigo, como Austrália, América do Norte ou Europa. Os preços do milho também subiram cerca de 60 por cento nos dois últimos anos, e os altos preços do petróleo levaram os Estados Unidos, maior exportador de milho do mundo, a usar mais o grão para produzir biocombustível. Referindo-se aos biocombustíveis, Wang disse: "Há preocupações especialmente nos países em desenvolvimento." "(Mas) há também um potencial considerável para que se chegue a uma situação positiva, na qual os pequenos agricultores também se beneficiariam de um aumento na produção de biocombustíveis." Nos últimos meses, os biocombustíveis levantaram preocupações em relação ao fornecimento de comida, especialmente porque a população mundial deve chegar a 9 bilhões até 2050, mais do que dobrando a demanda mundial por alimentos. Wang disse ainda que, apesar de a engenharia genética ser promissora, a tecnologia convencional deve continuar respondendo pela maior parte dos avanços a serem realizados nos próximos cinco a dez anos, e isso em parte por conta da preocupação dos consumidores com os organismos modificados geneticamente.

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