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ENTREVISTA-BNDES ajuda empresas a se expandirem no exterior

Por GUILLERMO PARRA-BERNAL
Atualização:

O BNDES poderá usar seu braço de participações para acelerar planos de empresas brasileiras de se expandirem no exterior, ajudando-as a investir em novos projetos ou fazer aquisições, disse o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho. "Nós estamos falando de empresas competitivas de boa gestão, que tem um potencial de se transformar em empresas de escala mundial", disse ele à Reuters em Santiago, onde participou de um seminário sobre competitividade no final da segunda-feira. "Essa é uma tarefa que o BNDESPar pode apoiar, mas é uma tarefa já claramente vislumbrada pelo mercado", acrescentou. O plano pode ser mais um passo para o desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar conglomerados globais, à medida que a crise de crédito do ano passado deu ao governo mais participação na remodelação do mundo corporativo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem tradicionalmente ajudado empresas locais a comprar rivais domésticas, e levar isso para o exterior seria um projeto audacioso para a instituição --principal fonte de recursos para financiar investimentos de companhias no Brasil. A decisão de ampliar a assistência às empresas será feita "caso a caso", disse Coutinho, acrescentando que bancos de investimento têm comunicado ao BNDES uma série de oportunidades de aquisições atraentes para empresas brasileiras fora do país. Ele se recusou a elaborar sobre uma possível agenda de trabalho, setores ou possíveis acordos. O BNDES participou recentemente da compra da norte-americana Pilgrim's Pride e da associação com o Bertin pelo frigorífico JBS, no que criará a maior empresa de carnes do mundo Segundo Coutinho, o BNDESPar poderá ajudar empresas brasileiras a levantar recursos para compras no exterior se comprometendo a participar de emissões de ações e bônus. O BNDESPar tem o maior portfólio de ações no Brasil depois da Previ, fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil. PLANO DE RESGATE Com o congelamento do crédito no ano passado, Lula instruiu o BNDES a ajudar empresas com problemas e a incentivar fusões entre aquelas que enfrentavam risco de colapso. Críticos acusam o BNDES de ter usado a crise econômica global como desculpa para ampliar sua presença em diversas indústrias nas quais o Brasil possui vantagens competitivas globais. "A ambição do BNDES não é dirigir o mercado, mas criar condições, ser proativo e ter uma parceria com os bancos de investimento e o mercado de capitais", declarou Coutinho. PETRÓLEO E AÇO Coutinho espera mais de 40 bilhões de dólares na indústria de serviços de petróleo no Brasil nos próximos cinco anos. Tal investimento é chave para ajudar a Petrobras a lidar com o fato de ser operadora única nos campos do pré-sal. O BNDES poderá financiar até 70 por cento da cifra, segundo Coutinho. O presidente do banco de fomento afirmou ainda que a Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, tem claras intenções de participar como sócia de usinas siderúrgicas no Brasil --um movimento que vem sendo incentivado por autoridades do governo.

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