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ENTREVISTA-Dreyfus prevê melhora nas margens de açúcar etanol

Por INAÊ RIVERAS
Atualização:

Estoques mundiais menores devem impulsionar os preços do açúcar e elevar as margens de lucro dos produtores em 2009, disse um importante executivo da subsidiária brasileira do grupo francês de commodities Louis Dreyfus (LDC) na quinta-feira. O presidente da LDC Bioenergia, unidade de açúcar e etanol do grupo, disse ver as margens "de volta ao que elas deveriam estar", depois de declínios nas últimas duas temporadas que levaram algumas usinas a produzir no vermelho. "Nós esperamos que as margens se recuperem em 2009. Nós não ficaríamos surpresos se víssemos o (mercado futuro do) açúcar acima de 15,5 (centavos de dólar por libra-peso) ou mesmo acima de 17 centavos", disse Bruno Melcher, presidente do conselho da LDC Bioenergia, durante entrevista. Os produtores brasileiros de açúcar, os mais eficientes do mundo, passaram por um período difícil na última safra com os baixos preços mundiais e a apreciação do real contra o dólar, o que reduziu o ganho com as exportações. A grande competição com a Índia, que aumentou sua produção de açúcar em resposta aos altos preços do início de 2006, tornaram as coisas mais difíceis ainda, mas a produção indiana deve cair devido às poucas chuvas e com o aumento do plantio de trigo no país. Os preços do açúcar estão atualmente ao redor de 14 centavos por libra na bolsa de Nova York. Melcher disse que, com a atual taxa de câmbio, as cotações deveriam subir a 18 centavos para incentivar o aumento do plantio no Brasil. NOVA USINA A LDC Biotecnologia inaugurou sua oitava usina de etanol e açúcar no Brasil na quinta-feira, no Estado de Mato Grosso do Sul, onde já opera com outras duas unidades. No seu primeiro ano, a usina terá a capacidade de processar 3 milhões de toneladas de cana, crescendo para 4,5 milhões de toneladas no ano seguinte. A usina, que custou cerca de 700 milhões de reais, aumentará a capacidade total de moagem do grupo para 20 milhões de toneladas de cana. A produção de etanol deve atingir 950 milhões de litros, e a de açúcar 1,1 milhão de toneladas. "Este investimento consolida nossa posição entre as três principais companhias (de açúcar e álcool) do país", afirmou o presidente da LDC Bioenergia, Christophe Akli, a jornalistas, antes da cerimônia de inauguração da unidade. A nova usina também terá capacidade de gerar 200 megawatts de eletricidade pela queima do bagaço da cana que sobra da moagem. Metade da energia gerada será utilizada na própria usina e o restante será vendido para o sistema nacional. A unidade de Rio Brilhante faz parte de um plano de investimento de 2,4 bilhões de reais em projetos de açúcar e álcool para o período de 2004 a 2010. Mais de três quartos do montante já foi investido. "A bioenergia é uma importante área para a empresa. Açúcar e álcool eram menos de 10 por cento de nossos ativos há apenas cinco anos. Agora responde por um terço", afirmou Melcher. A companhia afirma ter abundante capital para realizar mais investimentos na expansão das operações. A LDC projeta que o consumo de etanol no Brasil crescerá para 65 bilhões de litros em 2020, ante atuais 21 bilhões de litros. O consumo interno de açúcar está projetado para alcançar 14 milhões de toneladas, ante 11 milhões neste ano. O grupo pretendia lançar ações na Bovespa no ano passado, mas cancelou o plano devido às condições "desfavoráveis" do mercado. Melcher afirmou, entretanto, que o plano poderia agora ser retomado a qualquer hora.

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