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ENTREVISTA-França quer auto-regulação após problemas no mercado

Por SWAHA PATTANAIK
Atualização:

A ministra da Economia da França, Christine Lagarde, afirmou à Reuters nesta segunda-feira que há indicações de que os profissionais do mercado financeiro estão buscando maneiras de se auto-regular para assegurar uma melhora na avaliação de riscos. O presidente francês Nicolas Sarkozy tem pedido ao G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) para tomarem medidas para melhorar a transparência e regulação do mercado financeiro mundial após as recentes turbulências. Lagarde apoiou tal visão, afirmando que prefere que a indústria financeira encontre suas próprias soluções, mas acrescentou que os governos devem fazer sugestões caso a auto-regulação não seja efetiva. "Uma vez que essas pessoas do mercado são inteligentes, experientes, sabem onde seus interesses estão e onde fica a interseção de seus interesses com o interesse público, eu ficaria surpresa se eles não trabalhassem nisso. E eu tenho algumas indicações de que eles podem já estar trabalhando nisso", disse a ministra à Reuters. Perguntada se ela acredita que tais propostas podem ser disseminadas, Lagarde afirmou que ministros em reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial devem debater esses assuntos em outubro. "O encontro de ministros da Economia da Europa (que vai acontecer em Portugal, em setembro) também será uma boa oportunidade para entender o que está por trás da mente de todo mundo", afirmou Lagarde. "Eu acredio que o fortalecimento dos balanços financeiros de empresas na Europa, de bancos por exemplo, é provavelmente diferente e pode resultar em diferentes preocupações e um nível maior de temores por parte de algumas pessoas. Cada país virá com seu próprio histórico e especificidades econômicas." Lagarde disse que acredita que parte da origem da atual crise está na avaliação de riscos: "Eu creio que muito da crise tem relação com a subavaliação dos riscos e notas exageradas pelas agências de classificação de risco." Ela afirmou que agências de classificação de risco e outras instituições financeiras terão que ter certeza que seus funcionários que vendem produtos financeiros estejam claramente separados daqueles que avaliam os riscos associados a tais produtos. "Isso é um problema de conflito de interesse extremamente importante. Eu acho que eles deveriam cuidar do assunto e oferecer algumas propostas sobre uma regulação melhor da profissão", disse a ministra.

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