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ENTREVISTA-Illy aposta na China e diz que café está caro

Por MARCELO TEIXEIRA
Atualização:

Os preços futuros do café em Nova York estão acima do que deveriam considerando os fundamentos atuais, devido ao movimento de capital especulativo, e poderão cair um pouco nos próximos meses, afirmou nesta quinta-feira o presidente da torrefadora italiana Illy, Andrea Illy. "Eu acho que (os preços) deveriam estar um pouco mais baixos, talvez uns 20 por cento. Eles podem cair para 1,40, 1,30 (dólar por libra-peso) antes de começar a temporada de especulação com o clima, em junho", disse Illy à Reuters nesta quinta-feira. Ele reconheceu, no entanto, que os investimentos dos fundos no mercado de café ocorrem em um momento de fundamentos firmes, em que mesmo uma grande safra de café esperada para o Brasil não vai alterar o quadro de equilíbrio no mercado mundial. O torrefador italiano acredita que o Brasil vai colher cerca de 47 milhões de sacas em 2008/09, o que levará a produção global para 125 milhões de sacas, mesmo patamar do consumo. "Isso significa que exatamente no ano de alta produção no Brasil a oferta global estará em equilíbrio com a demanda", afirmou. Andrea Illy está no Brasil para participar de um evento de dois dias com produtores e especialistas e também para anunciar o vencedor, na sexta-feira, do concurso idealizado pela companhia italiana para escolher o melhor café para "espresso" produzido no país. Mas apesar de suas considerações sobre como a safra brasileira deverá ser absorvida pelo mercado facilmente, ele não está certo de que o mercado se encaminha para um novo, e mais elevado, patamar de preços. "As condições para um novo patamar existem, mas infelizmente eu acho que o mais provável é que os preços altos provoquem um aumento na produção". Os preços internacionais do café entraram em colapso na segunda metade dos anos 1990 depois que a produção explodiu devido aos elevados preços provocados por geadas no Brasil. O mercado levou cinco anos para superar a crise e apenas recentemente os preços retornaram a médias históricas acima dos 100 centavos de dólar por libra-peso. Assim como alguns torrefadores nos Estados Unidos e na Europa, Illy também reajustou recentemente os preços de venda de café. O aumento foi de 4 por cento em euro e de 8 por cento em dólar. EXPANSãO Andrea Illy afirmou que a maior parte dos investimentos em expansão da companhia fora da Europa estão sendo direcionados para a Ásia e afirmou estar confiante que o mercado chinês se tornará importante para o setor de café, apesar do volume pequeno de consumo no país atualmente em aproximadamente 300 mil sacas. "Se você considerar que há uma correlação direta entre a aceleração no crescimento da renda e o consumo de café, se fizer um paralelo com o que já ocorreu no Japão, na Coréia do Sul, em Taiwan e Cingapura, no período de uma geração a China poderá se transformar talvez no quinto maior mercado para o café no mundo", afirmou. A indústria de café foi bem-sucedida em elevar o consumo de café em alguns mercados asiáticos no passado, com muitas pessoas trocando o chá ou o alternando com o café. "Existe um estilo de vida global que contaminou todos os países asiáticos. Começou com a arquitetura, depois vestuário e design. Para mudar o hábito alimentar você precisa de mais tempo, mas vai acontecer", concluiu.

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