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ENTREVISTA-Impacto da política industrial começa em julho--Jorge

Por ISABEL VERSIANI
Atualização:

Os incentivos oferecidos pelo governo em sua política industrial devem começar a ser sentidos pelas empresas a partir de julho ou agosto "na melhor hipótese", e os impactos sobre a balança comercial só são esperados para o próximo ano, afirmou o ministro de Desenvolvimento, Miguel Jorge, neste terça-feira. "Até essas medidas se tornarem efetivas, até elas começarem a ter algum efeito na economia levará algum tempo", afirmou Miguel Jorge em entrevista à Reuters. "Eu acredito que os primeiros efeitos devem surgir por volta de julho, agosto na hipótese." O governo anunciou na segunda-feira um conjunto de desonerações no valor de 21,4 bilhões de reais à indústria, além de um incremento do financiamento ao investimento, à inovação tecnológica e às exportações. O governo espera que o pacote, em gestação há quase um ano, contribua para conter a deterioração das contas externas --uma das metas do programa é elevar a participação das exportações brasileiras no comércio mundial de 1,18 por cento a 1,25 por cento até 2010. A meta de exportar 180 bilhões de dólares este ano, contudo, não foi alterada com o anúncio das medidas. Miguel Jorge argumentou que a expectativa é que as empresas levem algum tempo para acessar os benefícios oferecidos. Para 2009, o governo trabalha com a projeção de um crescimento de cerca de 10 por cento nas exportações. A expectativa é que as importações, por outro lado, passem a crescer a um ritmo menor. Para o ministro, o processo de renovação do parque industrial brasileiro tende a se desacelerar e as exportações chinesas, por outro lado, devem ficar mais caras como resultado do aumento de custo de produção no país asiático. "A necessidade de troca de máquinas e equipamentos por parte da indústria vai se reduzir", afirmou. Seu ministério trabalha com a estimativa de um saldo comercial entre 20 bilhões de reais e 30 bilhões de reais este ano. "Nossa preocupação realmente é para o ano que vem", afirmou, acrescentando que o objetivo é trabalhar para que o saldo "pelo menos" se iguale ao deste ano. DUMPING Além da política industrial, o governo conta também com medidas de simplificação das exportações, a serem anunciadas em detalhe esta semana, e também com um acirramento da política de defesa comercial para reduzir os desequilíbrios da balança, disse o ministro. Segundo Miguel Jorge, seu ministério quer focar na investigação de casos de dumping praticados por economias que exportam ao Brasil utilizando outros países como intermediários. A avaliação, de acordo com o ministro, é que produtos como brinquedos, confecções e têxteis de origem asiática vendidos a preços abaixo do custo de produção, de origem asiática, podem estar entrando no Brasil via países vizinhos ou economias da América Central. "Hoje não temos medida legais para combater isso." (Edição de Alexandre Caverni)

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