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ENTREVISTA-Novas regras da UE ameaçam importações de álcool

Por NIGEL HUNT
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Novas regras da União Européia ameaçam inviabilizar as importações de álcool do Brasil e da África e proteger os produtores locais, disse na terça-feira o chefe da uma importante empresa de biocombustíveis européia. Andrew Owens, presidente-executivo da principal fornecedora de biocombustíveis da Grã-Bretanha, a Greenergy, afirmou em uma entrevista que a União Européia tinha recentemente aprovado uma pequena mudança em sua especificação sobre o etanol para limitar a quantidade de água para 0,2 por cento. "É uma medida protecionista para produtores locais na UE. A mudança na especificação potencialmente elimina grande parte do fluxo comercial de etanol no mundo", disse ele. O limite para quantidade de água era anteriormente de 0,3 por cento. Os alcoóis, incluindo o etanol, naturalmente absorvem pequenas quantidades de água do ar quando são movimentados, fazendo com que seja difícil que o produto embarcado por longas distâncias cumpra as novas regras, disse Owens. A Greenenergy importa etanol do Brasil. "Temos misturado etanol há anos e anos e não há absolutamente nenhum problema (com 0,3 por cento de água). Agora não dá para cumprir as especificações se o etanol vier do Brasil ou da África, ou de algum lugar assim", disse Owens. O álcool brasileiro é importado para o norte da Europa, enquanto que a África deve surgir como o principal fornecedor dos próximos anos. O álcool é um substituto para o petróleo que pode ser feito de cana-de-açúcar ou grãos. Houve uma rápida expansão na produção durante os últimos anos, com alguns defensores citando o potencial do combustível em reduzir as emissões de gases do efeito estufa que contribuem para o aquecimento global. VANTAGEM TROPICAL O químico vencedor do prêmio Nobel Paul J Crutzen divulgou um relatório no mês passado, dizendo que a maior parte das lavouras cultivadas nos Estados Unidos e na Europa para fazer combustíveis atualmente aceleram o aquecimento global por causa dos métodos da agricultura industrial. As lavouras cultivadas em climas tropicais como Brasil e África precisam de menos fertilizantes e podem economizar muito mais carbono. De acordo com Owens, se a UE não reverter sua decisão, as emissões de carbono de combustíveis da Grã-Bretanha vão aumentar. A Tesco possui 22 por cento da Greenenergy, quarta maior empresa de petróleo da Grã-Bretanha, enquanto que o Barclays Bank detém 15 por cento. Owens afirmou ainda que a empresa quer investir na produção de álcool na África sub-saariana, e provavelmente a cana-de-açúcar será a matéria-prima. "Tem um ótimo clima para a cana, recursos de água abundantes, bom clima e boa disponibilidade de terra", disse ele. REUTERS CM MTX

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