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ENTREVISTA-Obama não é protecionista, diz assessor

Por JEFF MASON
Atualização:

O senador Barack Obama, líder na disputa pela indicação democrata à Casa Branca, apóia acordos comerciais multilaterais, não se considera protecionista e rejeita um aumento generalizado dos impostos sobre empresas, segundo Austan Goolsbee, um de seus principais assessores econômicos. Mas, em entrevista à Reuters na quinta-feira, Goolsbee disse que ele acredita que Obama quer impostos mais elevados sobre companhias de gás e petróleo e firmas de investimentos. "Em termos gerais, as alíquotas corporativas precisam subir? Não", disse Goolsbee. "(Mas) há muitas corporações para as quais ele acha que (os impostos) precisariam subir. Quando ele diz que precisamos tapar todos os buracos no setor de petróleo e gás, ele está dizendo que os impostos empresariais precisam subir. Elas não estão pagando uma parcela justa." Conforme vai se desenhando o favoritismo de Obama sobre Hillary Clinton na disputa interna, cresce o interesse dos investidores em saber mais claramente que políticas o senador adotaria na Casa Branca. Goolsbee, professor de Economia na Escola de Negócios da Universidade de Chicago, se esforçou para atenuar as preocupações de Wall Street de que Obama seria menos afeito ao comércio global do que o atual presidente dos EUA, George W. Bush. "Não acho que ele se considere protecionista", disse Goolsbee, para quem Obama é favorável a ampliar o acesso a mercados globais por meio de acordos comerciais --inclusive a Rodada de Doha--, desde que esses tratados contenham cláusulas de proteção ambiental e trabalhista. Obama recebeu apoio de sindicatos por suas críticas ao Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), para o qual defende emendas. Goolsbee criticou o governo Bush por não colocar em vigor acordos comerciais já existentes e por abrir poucos processos na OMC. Ele sinalizou que tais processos contra práticas comerciais de outros países cresceriam significativamente num governo Obama, e citou o caso da China, que segundo ele viola várias regras comerciais. O senador, de acordo com o economista, também está "muito preocupado" com o atual déficit comercial dos EUA com a China e outros países. "Temos fortes desequilíbrios com muitas partes do mundo. É isso que naturalmente acontece quando se mantêm enormes déficits e o país não tem muita poupança. É preciso emprestar dinheiro do exterior. Ele está muito preocupado com isso." A solução de Obama é basicamente convencer a população a poupar. Ele propõe um mecanismo automático de poupança, uma espécie de fundo de pensão com contribuições regulares. Tanto Obama quanto Hillary vêm destacando questões econômicas na campanha, já que elas se tornaram uma das maiores preocupações do eleitorado devido à ameaça de recessão nos EUA. Na entrevista, Goolsbee preferiu não comentar sobre o desempenho do Federal Reserve, o banco central norte-americano, e de seu chairman, Ben Bernanke, durante a crise. "O Fed é independente por uma boa razão, e não cabe aos candidatos presidenciais ou ao presidente avaliar o que pensam daquilo que o chefe do Fed está fazendo", afirmou.

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