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ENTREVISTA-Saldo comercial zero não seria problema, diz ministro

Por ISABEL VERSIANI E ANA NICOLACI DA COSTA
Atualização:

O Brasil não necessita de superávits comerciais elevados e mesmo um saldo zero da balança não seria motivo de preocupação, afirmou nesta terça-feira o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. "A balança deveria ser apenas equilibrada, não precisamos ter uma balança de 40 bilhões de dólares. Se for saldo zero, tudo bem, não temos uma crise, não pegamos uma pneumonia econômica por causa disso", disse em entrevista à Reuters. Apesar de destacar que o país não caminha para um cenário de saldo comercial zero, Miguel Jorge não vê perspectiva de redução significativa das importações. Embaladas pelo dólar barato e pelo crescimento econômico, as compras externas aumentaram mais de 50 por cento até julho na comparação com 2007. No mesmo período, as exportações tiveram alta de 27 por cento. Para o ministro, as importações deverão seguir em ritmo próximo ao atual até o final do ano. No médio prazo, a expectativa é de desaceleração gradual, com uma esperada redução da demanda por bens de capital após um processo de renovação de maquinário pelas empresas, disse. Para as exportações, a meta do governo é um crescimento de 31 por cento de 2007 a 2010, quando chegariam a 210 bilhões de dólares. Em 2008 apenas, a projeção é de alta de 19 por cento. "Na minha avaliação, o maior impacto do câmbio (sobre as exportações) já aconteceu, uma boa parte das empresas já se adaptou", avaliou Miguel Jorge. "Acredito que você teria um impacto não tão grande nas exportações, mas sim nas importações." Ele destacou que os setores calçadista e têxtil, alguns dos que mais sofreram com o dólar barato, têm se beneficiado dos programas de financiamento do governo e, em muitos casos, estão enfrentado a desvantagem cambial apostando em produtos mais sofisticados e caros. Ao comentar a recente aceleração da inflação, Miguel Jorge afirmou que a questão preocupa, mas não exige medidas adicionais do governo, como de contenção de crédito. "Tomar medidas muito duras neste momento --e nós não vemos necessidade disso-- pode criar expectivas negativas", afirmou. (Com reportagem de Raymond Colitt; Edição de Daniela Machado)

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