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ENTREVISTA-Thomson Reuters concorrerá com gigantes da informação

Por ROBERT MACMILLAN
Atualização:

A nova Thomson Reuters Corp deverá competir mais diretamente com a Bloomberg e com a Reed Elsevier, mas o presidente-executivo da companhia combinada, Tom Glocer, vê espaço para a empresa também concorrer com Google e Microsoft . "Haverá um punhado de grandes empresas de informação", disse Glocer, 48, em entrevista em seu escritório no prédio da Reuters em Times Square, na véspera da conclusão da compra do Reuters Group pelo grupo editorial canadense Thomson Corp, por mais de 16 bilhões de dólares. "Todos nós vamos manter um olho em cada um", disse Glocer. "Vamos todos competir em algumas áreas, cooperar em outras." A Thomson Reuters, que começa a ser negociada em bolsas de valores de Londres, Toronto e Nova York nesta quinta-feira, será conhecida principalmente por seu serviço global de notícias, produtos de dados e tecnologia voltada para profissionais do setor financeiro e por seu portfólio de produtos que atendem os setores jurídico, científico, contábil e de saúde. Por trás disso está a idéia de Glocer sobre o que chama de "informação inteligente" --sua meta de longo prazo de unir fontes de dados de ambas as companhias. O executivo quer oferecer aos clientes fácil acesso à informação que precisa para executar suas atividades e quer que eles paguem pela conveniência. A maior parte dessas ferramentas não é tão reconhecida pelo público, mas Glocer prefere se concentrar nelas que em competir diretamente contra os Googles e Microsofts do amplo mundo dos consumidores. "Não teremos um estúdio de cinema. Não vamos lançar uma rede social para adolescentes", disse o executivo, referindo-se ao conglomerado de mídia News Corp., que controla os estúdios 20th Century Fox e à rede social MySpace. "Estamos realmente focados em profissionais, pessoas que nos pagam por nosso conteúdo e serviços", disse Glocer. "O que você me pagaria pela previsão de tempo de Nova York amanhã? Provavelmente nada." Por outro lado, o executivo afirmou que uma companhia de seguros poderia ver muito valor em conseguir um "conteúdo meterológico, sob medida, com a previsão de longo alcance de furacões na Flórida durante a temporada de 2008". "Você me pagará por isso se eu puder melhorar a lucratividade de suas operações, como resultado", disse Glocer. Ainda assim, conglomerados de informações e comunicações têm um caminho de crescimento em novos territórios ao longo do tempo, citou o executivo. "Eu creio que o Google funciona claramente como um mecanismo de monetização para muitos conteúdos voltados a consumidores. A questão é se eles querem ir para qualquer área além disso", disse Glocer. "Eu creio que a News Corp-Dow Jones tem potencial de sentar à mesa. Eu acredito que Microsoft-Yahoo também, se eles desistirem da fusão e se a Microsoft abraçar conteúdo mais que antes." Apesar de Glocer se concentrar em serviços para profissionais, ele apóia novas maneiras livres de comunicação com o mundo. Ele mantém um perfil na rede social Facebook e escreve um blog no endereço tomglocer.com. Ele também deu luz verde para a Reuters montar uma redação no Second Life, mundo virtual online. Glocer era advogado especializado em fusões e aquisições no escritório Davis Polk & Wardnell, em Nova York, antes de ingressar na Reuters em 1993 como vice-presidente e vice-conselheiro. Em julho de 2001, Glocer tornou-se presidente-executivo da Reuters, pouco antes da crise dos mercados globais que gerou queda de receitas e o primeiro prejuízo da companhia desde 1984. IMUNIDADE No futuro próximo, a Thomson Reuters terá que lidar com outros períodos de problemas no cenário financeiro. "Não somos imunes ao ciclo financeiro", disse Glocer. "Tem havido claramente um enorme deslocamento nos mercados de crédito, que abateu uma série de fundos e o Bear Stearns também." Mas o executivo afirmou que os negócios de câmbio da Reuters estão produzindo volumes e receitas enormes, assim como as áreas de commodities e informação sobre energia." "Estou mais preocupado com os efeitos da crise financeira sobre a economia real e quais são as implicações de uma recessão real que com as histórias de crise específicas sobre finanças", disse ele. E enquanto a Thomson Reuters constrói sua posição em notícias e dados financeiros, Glocer afirma que não pode imaginar a companhia sem uma divisão de notícias gerais e de política, incluindo cobertura sobre entretenimento, porque essas áreas "são incrivelmente entrelaçadas com a economia".

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