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ENTREVISTA-Unibanco espera crescimento de 25% no crédito em 2008

Por DANIEL BASES
Atualização:

O Unibanco espera crescimento orgânico de 25 por cento em sua carteira de empréstimos no ano que vem, disse o presidente-executivo da instituição, Pedro Moreira Salles, em entrevista à Reuters na terça-feira. Salles avaliou que o processo de consolidação no setor bancário brasileiro chegou ao fim e que, ao mesmo tempo em que o crescimento orgânico impulsionará os resultados, ele está preocupado com a possibilidade de uma desaceleração na economia dos Estados Unidos afetar o Brasil. "Bem, acho que não há aquisições a serem feitas no Brasil neste momento", disse o executivo. "Acho que a posição agora está bastante consolidada e, num país que fornece crescimento do crédito de entre 20 e 25 por cento, acho que o jogo agora será muito mais orgânico e não um jogo de aquisições", acrescentou. Salles disse que o Unibanco espera crescimento de 25 por cento em sua carteira de empréstimos em 2008, pouco abaixo da expansão de 30 por cento esperada para este ano. Ele reconheceu, no entanto, que prefere subestimar as expectativas e depois entregar resultados melhores. No terceiro trimestre, a carteira de empréstimos do Unibanco cresceu 29 por cento na comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo 55,9 bilhões de reais. O desempenho foi ajudado pela alta de 31,2 por cento no crédito consignado e de 24,6 por cento na concessão de crédito para compra de carros. Para Salles, o crescimento no setor em 2008 virá do cartão de crédito, de empréstimos para pequenas e médias empresas, além da concessão de crédito para compra de automóveis. ENVOLVIMENTO NOS EUA Nos últimos 10 anos, o Unibanco aumentou sua base de clientes para 27 milhões contra os 2 milhões anteriores. O banco está comemorando o décimo aniversário da listagem de suas ações na bolsa de valores de Nova York. As ações do banco caíram na bolsa estrangeira, em linha com o desempenho do mercado norte-americano, num momento em que a crise no setor de hipotecas subprime (de alto risco) gera preocupações em torno de uma recessão na economia dos EUA. As ações da empresa em Nova York despencaram 3,18 por cento, para 151,08 dólares. Na bolsa de valores de São Paulo, os papéis do banco perderam 1,94 por cento, para 26,77 reais, enquanto o Ibovespa, referência da bolsa paulista, caiu 1,43 por cento, aos 64.512 pontos. Os mercados financeiros nos EUA foram particularmente atingidos após o Federal Reserve reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 4,25 por cento. A decisão frustrou investidores que esperavam um corte maior para ajudar a economia a fazer frente aos problemas nos setores de crédito e de moradias. O chairman do Unibanco, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, disse em uma outra entrevista que o Brasil deve sentir o impacto de uma desaceleração na economia norte-americana, mas enfatizou que o Unibanco não tem exposição aos problemas no setor de hipotecas dos Estados Unidos. "Não estamos expostos a isso. Os efeitos, na extensão que serão sentidos, serão na redução na taxa de crescimento da economia norte-americana, e alguns efeitos no menor crescimento do comércio internacional e nos preços das commodities, o que pode afetar o Brasil", avaliou Malan. Ele apontou a sólida posição do balanço de pagamentos do Brasil como uma das formas pelas quais o país será capaz de sobreviver às turbulências, que ele espera que sejam sentidas em 2008. Para os executivos do Unibanco, a política monetária brasileira deve ser afrouxada ao longo do ano e a instituição espera que a taxa de juros caia em 75 pontos-base para 10,5 por cento. REUTERS ES

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