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EPE: apesar da crise, consumo de energia não vai cair

Por Gerusa Marques
Atualização:

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse hoje que "certamente" não haverá redução do consumo de energia elétrica no Brasil em função da crise financeira internacional. "Eventualmente, a taxa de crescimento será menor", afirmou Tolmasquim, em entrevista à imprensa após a apresentação oficial do Plano de Expansão de Energia 2008-2017. Na abertura da apresentação do plano, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, havia dito que as projeções para o setor consideravam um crescimento de 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e que, em função da crise, as estimativas teriam de ser revistas. O presidente da EPE explicou que, para 2009, eles trabalhavam com uma projeção de expansão de 5% do PIB, que já foi reduzida para 4%, o que resultou na estimativa de 4,9% para o período de 10 anos. "No plano, já há um efeito da crise", disse Tolmasquim. Ele informou que, em março, será feita uma nova revisão das projeções de consumo de energia. "Então teremos um cenário mais claro do que está acontecendo. Não dá para antecipar", acrescentou. O secretário de Planejamento do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura, disse que hoje não é possível ter ideia da extensão da crise, que, segundo ele, pode ou não se estender para o próximo ano. Mas, independente disso, afirmou, o setor elétrico, que faz um planejamento de longo prazo, tem de estar pronto para atender a demanda. "A economia pode se recuperar e o setor tem que garantir essa energia", disse. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que também participou da entrevista, disse que, nos últimos anos, o consumo de energia tem crescido a taxas anuais de 4,8% e que, só durante o racionamento em 2001, houve queda no consumo. Ele disse que o Brasil terá um impacto menor da crise econômica e reforçou a ideia de que o consumo não será reduzido. O presidente da EPE disse que o setor elétrico, em especial, terá um impacto muito menor da turbulência econômica já que os contratos de geração de energia são de longo prazo, valendo por 30 anos. Neste caso, a receita dessas empresas de geração de energia está garantida pelos contratos. Ele disse que, mesmo que haja retração na economia, "as pessoas continuam consumindo energia, vendo televisão, usando a geladeira". Ele admite, no entanto, que há queda no consumo industrial, mas disse acreditar que haverá uma recuperação rápida já que alguns setores como o da indústria automotiva queimaram seus estoques e terão de retomar a produção. Belo Monte Zimmermann também afirmou não acreditar que a crise possa afastar investidores dos próximos leilões, como o da usina de Belo Monte, no Rio Xingu, programado para este ano. Ele citou o exemplo da empresa franco-belga Suez que manifestou o interesse de participar do leilão e de eventuais licitações de usinas nucleares.

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