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Escolas brasileiras no país estão fechando

Número de instituições de ensino voltadas a brasileiros no Japão caiu de 117 para 87 em um ano

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Por Redação
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Localizada em uma cidade vizinha a Hamamatsu, a escola Mundo Novo é o retrato da crise que se abateu sobre as instituições de ensino brasileiras no Japão, onde estudam parte dos 53 mil adolescentes e crianças filhos de dekasseguis que vivem no país. As escolas são particulares e viram o número de alunos diminuir de maneira alarmante em razão do desemprego em massa que atingiu os imigrantes brasileiros desde o fim de 2008. Há um ano, havia 117 instituições de ensino voltadas a brasileiros no Japão. No mês passado, a cifra havia se reduzido a 87 e deverá cair ainda mais, já que muitas não terão como sobreviver. A Mundo Novo tinha 65 alunos antes do agravamento da crise global, em setembro. Hoje, está com 30. Desses, 10 não têm condições de pagar a mensalidade e ainda levam para casa alimentos doados para a escola por agricultores e comerciantes brasileiros. Para estancar a evasão escolar, a Mundo Novo reduziu sua mensalidade de US$ 370 para US$ 160, mas não poderá sobreviver por muito tempo nessas condições. Segundo Patricia Côrtes, da Embaixada do Brasil em Tóquio, o Japão é o único país do mundo no qual existem escolas voltadas exclusivamente para brasileiros, com currículo e livros idênticos aos adotados no Brasil. Das 117 instituições que existiam há um ano, 51 eram homologadas pelo Ministério da Educação. Antes mesmo da crise, o processo de ensino dos filhos de dekasseguis já era muito fragmentado, segundo Ilma Tokunaga, diretora da Mundo Novo. "O grande problema é a inconstância na situação dos brasileiros, que faz com que as crianças não sejam bem alfabetizadas nem português nem em japonês", observou. Muitos pais alternam temporadas entre os dois países e permanecem no Japão com a perspectiva de um dia voltar ao Brasil. Com isso, colocam os filhos nas escolas brasileiras, o que dificulta sua socialização e dá origem a crises de identidade. "As crianças brasileiras no Japão viveram nos últimos 20 anos um processo de exclusão social. Os pais tinham cargas de trabalho extremamente elevadas e nem o governo do Japão nem o do Brasil estavam preparados para lidar com essa realidade", disse Tokunaga, que trabalha com educação no país desde 2005. Segundo Côrtes, o Ministério da Educação enviará em outubro uma missão ao Japão para discutir a situação das escolas brasileiras. Enquanto isso, Tokunaga aguarda a avaliação de pedido que apresentou ao governo japonês para incluir a Mundo Novo em um programa destinado a crianças que estão fora da escola. Se aprovado, a instituição terá por três anos recursos para custear a educação de 20 alunos.

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