BRASÍLIA- A escolha do ex-presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para ocupar a presidência da Petrobrás se deu em votação apertada no Conselho de Administração da estatal, sob acusações de ser uma indicação política e fruto de interferência do Planalto. Foram 5 votos favoráveis e 3 contrários na tumultuada reunião de 6 de fevereiro, em São Paulo. Os outros dois conselheiros, o então presidente do colegiado, Guido Mantega (ex-ministro da Fazenda), e a presidente da Petrobrás à época, Graça Foster, não votaram.
Graça já havia anunciado sua renúncia com outros cinco diretores. Os votos favoráveis foram dos conselheiros indicados pelo governo. O placar não consta da ata da reunião, mas está nas gravações sigilosas entregues à CPI da Petrobrás obtidas pelo Estado. Votaram a favor o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o ex-comandante do Exército Francisco Roberto de Albuquerque, o vice-presidente da FGV, Sérgio Franklin Quintella, a presidente da Caixa, Miriam Belchior, e o ex-ministro de Minas e Energia Márcio Zimmermann.
Bendine foi indicado por Mantega, que se referiu a ele na reunião pelo apelido, Dida. “Neste momento, o que precisamos é uma condução em relação às questões financeiras, em relação à crise que a empresa vive e que diz muito respeito às questões financeiras. O Dida é um expert nisso”, defendeu Mantega.
Os conselheiros não indicados pelo governo reagiram negativamente. “O que estamos vivendo aqui é uma piada ruim e um desrespeito ao Conselho de Administração”, disse Mauro Cunha, representante dos acionistas minoritários.
“A difícil situação por que passa a Petrobrás deve-se principalmente às indicações políticas, à falta de caráter e ética de alguns poucos empregados, sem falarmos no papel criminoso de muitas empreiteiras, que devem ser, por isso, exemplarmente punidas”, disse o conselheiro Silvio Sinedino Pinheiro, representante dos empregados da empresa.