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'Escolhi entre o aluguel ou matar a fome'

Sem poder trabalhar, vendedora ambulante depende do auxílio emergencial e de doações

Por Douglas Gavras
Atualização:

Um dia, a vendedora ambulante Izabel Gomes, de 54 anos, saiu de casa para vender bebidas com seu carrinho em um festival de música no centro do Rio, como fez nos últimos dez anos. Ela nem imaginava que aquela sexta-feira, 13 de março, seria o último dia em que poderia trabalhar. 

Com as medidas de isolamento impostas nas cidades brasileiras para tentar conter a curva de contágio da covid-19 no Brasil, os festivais de música, shows e peças de teatro em que ela trabalhava ficaram no passado. A renda da família caiu drasticamente de uma hora para outra.

Izabel Gomes, 54, estásem trabalhar desde março devido a pandemia de covid-19 Foto: Wilton Júnior/Estadão

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“Foi como se tivesse perdido o chão. A gente, que trabalha na rua, sai de casa hoje para sobreviver até o dia seguinte. Com o que ganhava nunca dava para guardar dinheiro. Sempre contei com a minha disposição e o talento para vender, mas nunca pensei que fosse surgir um vírus que fosse deixar todo mundo sem trabalho”, conta. 

Com quatro meses de aluguel atrasado, ela conta com a ajuda da associação de camelôs da cidade para conseguir cestas básicas. O auxílio emergencial de R$ 600 que ela recebe só dá para o básico. A filha, também ambulante, recebeu a primeira parcela com dois meses de atraso.

“A gente teve de escolher entre pagar o aluguel ou não morrer de fome. Não me envergonho, porque todo mundo está no sufoco. Só peço a Deus que tudo isso acabe logo.” 

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