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Espanha: pacote econômico não impedirá desaceleração

Por Regina Cardeal
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O novo governo da Espanha, que lançou um pacote de estímulo fiscal na semana passada, vai rebaixar sua previsão de crescimento da economia, anunciou o ministro das Finanças, Pedro Solbes. Na sexta-feira, o governo aprovou um pacote de 10 bilhões de euros (US$ 15,9 bilhões, ou cerca de R$ 26,5 bilhões) em cortes de impostos e novos gastos do governo para amortecer o pouso forçado da economia neste ano, segundo o jornal americano The Wall Street Journal. Solbes estimou que o pacote, no estilo do adotado pelos EUA, representa 1% do Produto Interno Bruto (PIB) e deverá adicionar 0,2 ou 0,3 ponto porcentual ao crescimento neste ano. Mesmo assim, ele confirmou hoje, em entrevista à emissora de rádio Cadena Ser reproduzida pela Dow Jones, que seu ministério prepara uma revisão em baixa das estimativas do PIB. Segundo Solbes, as projeções do Banco Central, de expansão de 2,4% em 2008 e 2,1% em 2009, são uma "boa referência" para as novas previsões de seu ministério, que atualmente projeta crescimento de 3,1% em 2008 e de 3% em 2009. Em 2007, a economia espanhola cresceu 3,8%. Solbes disse também que a desaceleração poderá levar a taxa de desemprego no país a 10%. Os dados recentes, incluindo a disparada nos registros de pessoas buscando empregos, sugerem uma drástica desaceleração econômica no início de 2008. O Instituto Nacional de Estatísticas vai divulgar os dados de desemprego do primeiro trimestre na próxima sexta-feira. A taxa de desemprego na Espanha ficou em 8,6% no quarto trimestre, uma das mais altas da zona do euro. Solbes disse que o número deve subir nos próximos dois anos a "9%, 9,5% ou 10% no pior dos casos". Com sua pesada dependência da construção residencial e crescimento financiado por dívida, a economia da Espanha foi duramente atingida pelo aperto no crédito desencadeado pela crise no mercado hipotecário de segunda linha (subprime) dos EUA. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a economia da Espanha vai desacelerar para 1,8% em 2008 e 1,7% em 2009. Segundo o jornal britânico Financial Times, o FMI estima que os imóveis na Espanha estão sobrevalorizados em 20%, depois que um boom de dez anos mais do que dobrou os preços das propriedades. O atual déficit em conta corrente da Espanha só não é maior do que o dos EUA em termos absolutos. Em 2007, o déficit superou 100 bilhões de euros, ou 10% do PIB. A Espanha segue os EUA na adoção de um grande pacote de estímulo em meio à desaceleração econômica global. Outros governos europeus evitaram até agora preparar um pacote de estímulo fiscal, embora o primeiro-ministro eleito da Itália, Silvio Berlusconi, tenha prometido durante a campanha eleitoral cortar impostos e investir em infra-estrutura para impulsionar a economia do país. A decisão da Espanha foi adotada na sexta-feira na primeira reunião de gabinete do governo eleito em 9 de março. Em meio ao aumento do desemprego e à acelerada deflação no mercado de moradia, Jose Luis Rodriguez Zapatero, primeiro-ministro socialista da Espanha, conseguiu a reeleição no mês passado com a promessa de injetar 22 bilhões de euros na economia em quatro anos.

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