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Especialistas condenam acordos bilaterais do Mercosul com os EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

Um acordo do Mercosul com os Estados Unidos não resolveria os problemas principais existentes hoje na negociação entre esses países, alertou nesta quinta-feira a coordenadora da Unidade de Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Sandra Rios. "Um acordo bilateral não supera os problemas, que são de agenda", disse. Para ela, as dificuldades principais para o Brasil, tanto na Área de Livre Comércio das Américas (Alca), como em um acordo bilateral, estão em conseguir que os Estados Unidos aceitem negociar itens de interesse do Mercosul. É o caso dos subsídios e barreiras na agricultura e outras práticas protecionistas, como as restrições às exportações brasileiras de aço. No mesmo evento onde Sandra Rios deu o alerta - a conferência "O Brasil na arquitetura comercial global", promovida pelas fundações Getúlio Vargas e Konrad Adenauer - houve uma série de críticas aos acordos bilaterais que vêm sendo negociados por vários países. Um dos críticos, o secretário-geral da Comunidade Andina das Nações (CAN), Guillermo Fernández de Soto, disse que o acordo que o Mercosul e a CAN estão trabalhando para assinar no mês que vem, no Encontro de Cúpula do Mercosul, não exclui a possibilidade de negociação bilateral entre os países integrantes dos dois blocos nem com terceiros países. Ele afirmou que o acordo deverá conter um cronograma para a criação de uma zona de livre comércio entre todos os países participantes. Soto alertou que considera os acordos bilaterais "um grande risco". Segundo ele, o bilateralismo pode dificultar a convergência dos países da América Latina, por exemplo, nas negociações para a Alca e para a Organização Mundial do Comércio (OMC), em itens como tarifas, subsídios, regras de origem e outros. Para o chefe de estudos da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), Gonzalo Rodriguez, o cenário de concretização de vários acordos bilaterais com os Estados Unidos é o pior para a América Latina. "É o cenário de debilitação", informou.

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