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Esquerda ganha força na Grécia e abala UE

Se o atual governo perder as eleições, antecipadas para 17 de dezembro, país poderá deixar bloco econômico e ser seguido por Portugal e Espanha

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Por Redação
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ATENAS - O temor de que um partido de esquerda contrário à política de austeridade fiscal possa chegar ao governo da Grécia nos próximos meses abalou os mercados nesta semana; o índice AES, da Bolsa de Atenas, caiu 12,78% na terça-feira, na maior perda em um único dia desde 1987, e recuou mais 1,01% ontem. O juro dos títulos da dívida de 10 anos do governo grego, que estava em 5,5% no fim de setembro, subiu a 8,42%. "Todos os olhos estão voltados para o Mar Egeu", disse o estrategista de investimentos Mark Hermer, do banco ING. Outras bolsas europeias acompanharam as quedas em Atenas, com o ressurgimento dos temores quanto à integridade da zona do euro: se as circunstâncias políticas levarem a Grécia a sair da união monetária, o que acontecerá com Portugal e Espanha? Os outros dois países da chamada periferia da zona do euro também têm populações descontentes com as políticas de austeridade fiscal, partidos de esquerda relativamente fortes e eleições parlamentares marcadas para 2015. A movimentação ocorre depois de o primeiro-ministro Antonis Samaras convocar eleições presidenciais antecipadas, com o primeiro turno previsto para 17 de dezembro. O presidente da Grécia é eleito indiretamente, pelo Parlamento. De acordo com a lei, caso nenhum candidato obtenha 200 votos no primeiro turno ou no segundo, dia 23, haverá uma terceira votação dia 29. Se ninguém obtiver os votos necessários, a Constituição da Grécia prevê eleições parlamentares antecipadas, o que aconteceria no fim de janeiro ou fevereiro. O porta-voz do partido de oposição Syriza, Nikos Pappas, disse que "esta é a mais importante batalha que os cidadãos gregos terão de combater em décadas". Samaras anunciou a antecipação da eleição presidencial na segunda-feira, pouco depois de a zona do euro prorrogar por dois meses o programa de ajuda financeira à Grécia. Desde 2010, o país recebeu € 240 bilhões em ajuda. A antecipação aumenta as chances de o governo de coalizão do primeiro-ministro Samaras eleger o novo chefe de Estado. A antecipação teria sido motivada por duas pesquisas de opinião, divulgadas no domingo, que deram vitória ao Syriza. "A ideia é pegar no contrapé o partido de oposição Syriza, que é contra a ajuda financeira", disse Wolfango Piccoli, da Teneo Intelligence. O estrategista Andrew Goldberg, do JPMorgan Asset Management, teme que as divergências no bloco estejam apenas o começo. "O voto de protesto é algo com que teremos de nos acostumar na Europa, porque parece que ele estará lá por um bom tempo." / Agências Internacionais

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