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Esta é a pior crise que já vi, diz executivo do Citi

Por Nalu Fernandes
Atualização:

"Esta é a prior crise que já vi", declarou o primeiro vice-presidente do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), executivo-chefe do Citibank e vice-presidente sênior do Citigroup, William Rhodes, em entrevista durante evento em Washington hoje. O executivo, que durante as décadas de 1980 e 1990 esteve envolvido nas negociações de dívida externa de diversos países emergentes, destacou que os efeitos da crise sobre a economia real vão aparecer após a estabilização dos mercados. Por isso, ele diz que o Fundo Monetário Internacional (FMI) deveria estabelecer uma linha de contingência para os mercados emergentes. Quanto ao Brasil, Rhodes afirma que "o País, em particular, está em uma boa posição para agüentar o impacto". Rhodes avalia que "diversas economias emergentes precisam de ajuda e deveriam poder trabalhar com o FMI por meio de uma linha contingencial". Por isso, acrescenta que é "tempo para o FMI avançar e fazer algo sobre isso". O executivo diz que a tese do descolamento provou "não fazer nenhum sentido", e acrescentou que foi "um mito". "Os mercados se tornaram mais sofisticados", avaliou, abordando as inovações nos instrumentos financeiros. Com relação às autoridades de cada país, o executivo avalia que "é importante que se exagere na aplicação das medidas (para restaurar a confiança nos mercados). Isto é melhor do que fazer menos", estimou. A razão, explica ele, é que depois que houver estabilização nos mercados, ainda haverá problemas na economia real. "Não é tempo para complacência nos mercados emergentes." Por isso, Rhodes acredita que, enquanto os bancos centrais contribuem para aliviar as taxas interbancárias, o FMI pode desempenhar um papel de contribuição também por meio dos países emergentes. O IIF espera desaceleração da economia real e, em conseqüência, desaceleração dos fluxos privados para emergentes, prevendo que os fluxos líquidos de capital privado para estas economias ficarão em US$ 619 bilhões em 2008, em comparação aos US$ 731 bilhões que haviam sido estimados em março, e ante o nível de US$ 898 bilhões em 2007. Estimativas apresentadas durante a entrevista em Washington hoje indicam que as perdas de capital e baixas contábeis totalizaram US$ 633 bilhões, desde 2007. Em oposição, as instituições levantaram, no mesmo período, US$ 418 bilhões. Brasil Rhodes afirma que o Brasil sentirá impacto derivado da crise, uma vez que todos os mercados "estão ligados". Mas ele destaca que houve "mudança tremenda" no Brasil em relação às duas décadas anteriores, "quando o déficit externo era um problema". "Houve construção de reservas e o sistema financeiro brasileiro está muito mais forte do que esteve. Vai haver impacto, mas sem comparação em relação ao impacto que teria há uma década", completou. "O Brasil está, em particular, em boa posição para agüentar o impacto". O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, que também faz parte do IIF, avalia que os emergentes sofrerão conseqüências, principalmente, pelo balanço de pagamentos. "Será necessário ajuste no balanço de pagamentos em todos os emergentes". Mas o efeito vai ser "gerenciável e muito menor países com elevadas reservas internacionais e câmbio flutuante", observou. "Desta vez, no caso do Brasil, que tem um balanço de conta corrente quase equilibrado, será preciso apenas um ajuste brando".

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