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Estados Unidos distorcem o comércio, diz especialista

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Por Raquel Landim
Atualização:

"Os Estados Unidos acusam o Brasil de ser protecionista, mas se recusam a discutir a questão cambial. Eles também distorcem o comércio." A afirmação é da professora Vera Thorstensen, diretora do Centro de Comércio Global e Investimento da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e ex-assessora da missão brasileira em Genebra.Na troca de farpas entre o Itamaraty e a diplomacia americana, por causa da elevação de tarifas de importação promovida pelo governo brasileiro, a especialista defende a posição do Brasil. Na sua opinião, a medida não pode ser tachada de protecionista, porque o País respeitou os limites negociados na Organização Mundial de Comércio (OMC).Vera afirma ainda que a discussão está "enviesada", porque "encobre o verdadeiro problema, que é o câmbio". Ela diz que "não adianta discutir as tarifas de importação", porque a manipulação cambial distorceu os níveis de proteção tarifária acordados na OMC.Em conjunto com os professores Emerson Marçal e Lucas Ferraz, Vera dirige o recém-criado Observatório de Câmbio da FGV. Uma equipe de dez alunos calcula o "desalinhamento cambial", que é a distância entre a cotação de uma moeda e o "câmbio de equilíbrio" - taxa que, na teoria, equilibraria o balanço de pagamentos de um país.Pelos cálculos da equipe da FGV, o dólar estava 8% abaixo do câmbio de equilíbrio em junho, o que significa que a moeda americana estava desvalorizada. Já o real, apesar de todo o esforço do governo, continuava 15% acima do câmbio de equilíbrio, ou seja, valorizado. Por esse conceito, a distância entre as duas moedas, portanto, seria de 23%. Na avaliação de Vera, ao desvalorizar seu câmbio, os Estados Unidos estão dando um subsídio indireto a suas exportações, ao mesmo tempo em que fortalecem suas tarifas de importação. "É como se os americanos tivessem elevado todas as tarifas de importação em 8%", diz a professora. No caso brasileiro, é o contrário. "As tarifas de importação do Brasil praticamente perderam a eficácia com a valorização cambial dos últimos anos."

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