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Estados Unidos e União Europeia acertam pré-acordo do G-20

Ideia é adotar mecanismo que solucione desequilíbrios globais, como os superávits de China, Japão e Alemanha

Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

Os Estados Unidos, com apoio da União Europeia, vão propor o estabelecimento de um mecanismo para solucionar os desequilíbrios globais que foram uma das causas do agravamento da crise financeira global.

 

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Os países estão tentando finalizar um documento para apresentar na reunião do G-20, na sexta-feira, em Pittsburgh. O objetivo do mecanismo, chamado de "Estrutura para Crescimento Equilibrado e Sustentável", será reduzir os superávits de países como China, Japão e Alemanha, e aumentar a poupança em países deficitários como os EUA e a Grã-Bretanha. Mas a proposta enfrenta resistência de países como a China, porque abre a discussão sobre a desvalorização do yuan.

 

O mecanismo incluiria medidas para reduzir o déficit do orçamento dos EUA e aumentar a taxa de poupança do país, fazer com que a China dependa menos de suas exportações e mais do mercado interno, e a Europa adotar mudanças estruturais para aumentar sua competitividade e investimentos. "Não podemos voltar para a era em que os chineses ou alemães vendem tudo para a gente, nós nos endividamos com empréstimos lastreados em nossas casas, sem vender nada para eles. Esse será um assunto do G-20", disse o presidente Barack Obama no domingo, na CNN.

 

A evolução do mecanismo seria monitorada e os países teriam de prestar contas. "Esperamos chegar a um acordo para um modelo de crescimento equilibrado, que nos ajude a lidar com os desequilíbrios que levaram a esta crise, e faça com que os países prestem contas", disse em entrevista Michael Froman, vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA.

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A China resiste porque a discussão sobre desequilíbrios fatalmente se transforma em uma crítica ao modelo exportador chinês, seu grande superávit e a desvalorização do yuan. "Os desequilíbrios certamente não foram a causa do problema; a principal causa da crise foi a falta de supervisão e o abuso com a abertura do mercado, altos níveis de endividamento e muita especulação", disse ao Financial Times Zhou Wenzhong, embaixador da China em Washington.

 

A China quer focar a discussão no recrudescimento do protecionismo, já que o país tem sido o principal alvo das muitas tarifas e medidas antidumping adotadas pelas nações nos últimos tempos, apesar das promessas do G-20 de evitar medidas protecionistas. A tarifa de 35% imposta sobre pneus chineses pelos EUA esquentou a discussão.

 

"Foi uma enorme quebra da promessa do G-20 de não adotar medidas protecionistas", disse ao Estado Dan Ikenson, diretor associado do Centro de Política Comercial do Instituto Cato. "Obama não terá nenhuma credibilidade quando ele, de forma hipócrita, exortar o G-20 a evitar o protecionismo."

 

No mecanismo de monitoração e correção dos desequilíbrios globais, o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderia ter um papel essencial. O apoio dos EUA a um maior papel dos emergentes na governança do FMI faz parte da barganha para convencer a China a participar do mecanismo. Os chamados BRICs querem transferir 7% das cotas dos países desenvolvidos no FMI para os emergentes e 6% da fatia no Banco Mundial. A Casa Branca aceita que 5% das cotas dos países ricos sejam dados aos emergentes, perto do que pedem os BRICs.

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