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‘Estamos esperando contribuição significativa da América Latina’

Em entrevista ao ‘Estado’, Ron Yekutiel, presidente da plataforma de vídeo israelense Kaltura, diz que participação da região no faturamento da empresa deve subir de 5% para 15%

Por Nayara Fraga
Atualização:

SÃO PAULO - A Kaltura nasceu, em 2006, como uma plataforma de vídeo colaborativo. A ideia era permitir a criação e edição coletiva de conteúdo audiovisual. Mas, cerca de nove meses depois, a empresa percebeu que havia um mercado interessante à sua espera. "As empresas ainda sentiam falta de recursos básicos para gerenciar, fazer upload e distribuir vídeos", diz Ron Yekutiel, presidente da Kaltura.

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Dois anos depois, começaram a aparecer os grandes clientes, entre eles a Disney. Hoje, a companhia fornece sua plataforma às áreas de mídia, educação e corporativa. As empresas da primeira categoria usam os vídeos para transmissão de programas de TV na web, por exemplo.

Ao longo desses oito anos, a companhia arrecadou um total de US$ 70 milhões em investimentos de fundos. Nesta semana, anunciou novo aporte US$ 47 milhões feito por nove instituições, entre elas a Nokia Growth Partners e a brasileira Gera Venture. O País é um dos focos - a empresa está agora abrindo escritório em São Paulo. O israelense Ron Yekutiel conversou com o Estado por telefone.

No começo, a ideia era apenas fazer uma plataforma colaborativa de vídeo online?

É verdade que bem no começo, nos primeiros nove meses da companhia, nós estávamos nos concentrando na criação coletiva de conteúdo. Lançamos ferramentas com essa finalidade, mas elas não davam uma capacidade ampla de gerenciar conteúdo. Quando conversamos com empresas, percebemos que elas ainda sentiam falta de recursos básicos para gerenciar, fazer uploads e distribuir vídeos. Então, nós decidimos desenvolver ferramentas para isso e, ao mesmo tempo, manter o conteúdo colaborativo por meio de nossa comunidade de código aberto.

O que significa Kaltura?

Antes de decidir o que a gente ia fazer e qual tecnologia lançar, a gente se perguntou: o que queremos ser? Pelo que somos apaixonados? Chegamos à conclusão de que queríamos fazer algo que fosse colaborativo. Então, o nome tinha de ser relacionado com o que queríamos fazer, e não com o que representávamos de fato (plataforma de vídeo). Discutimos sobre a cultura da criação coletiva, pensamos na necessidade de falar com a cultura de qualquer país… E Kaltura, que não significa nada em lugar nenhum, refletiu a nossa ideia de que a companhia não tem só um produto, tem uma cultura, e essa cultura é global.

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Como você conheceu os outros três israelenses que fundaram a empresa com você (Shay David, Michal Tsur e Eran Etam)?

Estudei com o Shay (hoje o diretor financeiro) no colegial. Ele conheceu a Michal num pós-doutorado na Universidade de Yale. Ambos estavam fazendo estudos na área de sistemas abertos e colaboração. Aí, partimos para a busca do melhor profissional técnico em Israel e nos foi recomendado o Eran Etam, que fundou o ICQ, o primeiro serviço de mensagem instantânea do mundo. Ele é um expert em tecnologia. Mas, quando nós nos juntamos, nós ainda não tínhamos uma ideia (de negócio). A gente queria reunir as pessoas boas primeiro e escolher o que fazer depois. Então, nós nos escolhemos antes de decidir o que íamos fazer.

Por que vir para o Brasil?

Primeiro, eu tenho uma conexão com o Brasil. Tive uma namorada carioca por muitos anos (risos). O Brasil é um dos líderes na América Latina. Nós não tínhamos presença física no País (o serviço da empresa era distribuído apenas por terceiros aqui). Agora, nós estamos esperando uma contribuição significativa da América Latina para o nosso negócio, especialmente do Brasil. Essa é uma grande mudança que vai ocorrer. Em três anos, esperamos que o faturamento com a América Latina cresça de 5% para 15%.

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