
01 de agosto de 2015 | 16h21
“O Joaquim é a pessoa mais irritante que conheço”, diz um amigo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que trabalhou ao lado dele no governo e no setor privado. Classificado como centralizador, “trator”, escorregadio e estressante, ele tem um estilo pessoal que pouco ajuda na construção de alianças dentro e fora do governo. Até mesmo no mercado, onde só tem admiradores, o estilo pessoal do ministro é apontado como um fator que pode explicar, ao menos em parte, suas agruras.
Entre parlamentares, essa é uma avaliação recorrente. No período anterior à entrada do vice-presidente, Michel Temer, na articulação política, Levy negociou pessoalmente algumas das medidas de interesse de sua pasta. Mas não mudou a estratégia depois da chegada de um negociador que é profundo conhecedor do Congresso. Isso não passou despercebido entre os parlamentares, que veem uma certa ingenuidade no ministro.
Eles apontam, por exemplo, a tentativa dele de convencer o Senado a aprovar a reforma do ICMS sem que o desenho dos fundos de compensação e de desenvolvimento regional estivesse definido. Na semana anterior ao recesso parlamentar, o ministro telefonou para senadores da base e da oposição, como o tucano Aécio Neves, ciente de que poderia aprovar rapidamente no plenário do Senado a redução das alíquotas do ICMS.
Chegou a ouvir um pito pelo celular do senador Walter Pinheiro (PT-BA) sobre a tentativa dele de acelerar a votação das alíquotas do imposto que impressionou quem estava no plenário há duas semanas.
Como ex-secretário de Fazenda do Rio, ele deveria saber que esse é um ponto fundamental, discutido há anos no Senado. De tanto levar “calote” do governo federal, os Estados querem que esses fundos sejam incluídos na Constituição. Foi o que Levy ouviu, pela enésima vez, na reunião de Dilma com os governadores. Em outro caso antes do recesso, a maioria dos líderes da base da Câmara boicotaram a reunião em que o ministro apresentou a linha mestra da reforma do ICMS. “Levy tem se exposto demais, ele precisa de um anteparo”, diz um parlamentar que fala com frequência com o ministro.
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