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Estônia é novo destino de profissionais brasileiros de TI

O país, com apenas 1,3 milhão de habitantes e inverno rigoroso, tem hoje uma comunidade de 250 brasileiros

Por Renato Jakitas
Atualização:

Com investimento massivo em educação e um projeto ambicioso de desburocratização do Estado, a Estônia, um pequeno país localizado no leste europeu, vai se transformando em um destino emergente de empresas de tecnologia e atrai gente de todo o mundo, inclusive do Brasil. O país, com apenas 1,3 milhão de habitantes e inverno rigoso (a temperatura pode chegar a 17 graus negativos entre dezembro e fevereiro) tem hoje uma comunidade de 250 brasileiros. São quase todos profissionais da área de tecnologia, que migram pensando em abrir uma empresa ou  integrar a equipe de uma das 615 startups locais.

"As empresas no Brasil não passam a segurança que elas nos passam aqui", diz a brasileira Natália Adorno, que trabalha na sede do Transferwise, um dos quatro unicórnios (como são chamadas as empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão) locais. Além da Transferwise, a Estônia também foi o berço do Skype, comprado em 2011 pela Microsoft, mas que ainda opera com sede em Talim, capital estoniana; da Bolt, concorrente do Uber na Europa; e da Playtech, de jogos online.

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"Apesar do clima, as empresas são ótimas. Estamos perto de cidades como Helsinque, na Finlândia, e de Estocolmo, na Suécia", conta Paulo Correia, que trabalha com redes sociais. "O país é bastante calmo, mas o mais importante é que é barato. A gente não gasta com quase nada aqui", destaca o designer mineiro Guilherme Costa. "Quem tem registro como morador não paga para usar o tranporte público, tem sistema de saúde público de primeira qualidade grátis e o governo subsidia parte do preço dos medicamentos. É basicamente trabalhar, comer, viajar e guardar dinheiro", diz Costa, que se mudou para Talim em 2018, depois de se candidatara uma vaga na área de TI pelo Linkedin. "Eu não sabia onde ficava a Estônia e nunca tinha ouvido falar na cidade de Talim", diz. "É engraçado e curioso estar aqui."

Localizada em uma região estratégica, de frente para o mar báltico, a Estônia tinha uma economia típica de emergente do leste europeu até dez anos atrás. A situação começou a mudar quando o governo colocou em prática um plano para atrair empresas de fora. Aos poucos, foi reduzindo impostos e a burocracia para abertura de empresas. Há cinco anos, o governo radicalizou: decidiu se tranformar numa espécie de laboratório de digitalização. Passou a aceitar que pessoas do mundo todo pudessem aderir ao programa de cidadão digital - que dá direito a abrir uma empresa, assinar documentos oficiais e pagar impostos na Estônia.

"O programa de cidadão digital aumentou o interesse do mundo todo na Estônia e passamos a atrair empresas, que percebiam a facilidade de fazer negócios aqui", conta Allan Dobros, gerente de negócios do governo da Estônia. "Na China, muita gente entra nesse programa só para ter um documento com foto em inglês e mostrar para o outros", diz Daniel Quin, da unicórnio chinesa WeCash.

O cientista de computação paulistano,Edilson Osorio Foto: Renato Jakitas/Estadão

Para o paulistano Edilson Osorio, que é cientista de computação, o programa de cidadão digital permitiu transferir parte de sua empresa de segurança de informação do bairro de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, para o bairro de Telliskivi, em Talim. "Eu tinha dificuldade com a legislação brasileira para o desenvolvimento do meu negócio. Consultei um advogado e ele falou que, no Brasil, a gente não iria conseguir dinheiro para crescer e provavelmente teria de fechar a empresa. Fizemos alguns estudos e a Estônia apareceu como o melhor lugar", conta.

Ele diz que montou a empresa em um dia. "Foi tudo rápido. Antes de vir para cá eu tinha saído do Brasil duas vezes, para uma palestra na Argentina e para lançar um aplicativo nos Estados Unidos. Foi a primeira vez na minha vida que vi neve. Só ficava caindo na rua, nada é apropriado para a neve."

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