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Estoque alto dificulta a retomada da construção

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Por Redação
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O estoque de 27 mil imóveis na capital em dezembro, recuo de apenas 200 unidades em relação a dezembro de 2014, é um bom exemplo das dificuldades enfrentadas pelo mercado imobiliário no ano passado, segundo o balanço anual do sindicato da construção (Secovi-SP) relativo à capital e à Grande São Paulo. Esse estoque ajuda a explicar a recente decisão da Caixa Econômica Federal de aumentar as facilidades creditícias para a compra de casa própria, sem que se possa prever qualquer recuperação mais expressiva, dado o conjunto de problemas que assola o setor. O mercado imobiliário enfrenta dificuldades generalizadas, que passam pela oferta e a demanda, chegam ao crédito, ao Plano Diretor e à legislação do zoneamento e culminam na falta de confiança de compradores e incorporadores. O volume de lançamentos de imóveis residenciais na capital caiu 37% entre 2014 e 2015, para 21.445 unidades, segundo a Embraesp, parceira do Secovi na compilação dos dados. O valor global de lançamentos caiu 51,5% no ano passado, para cerca de R$ 10 bilhões – um valor baixíssimo levando-se em conta as dimensões do maior mercado imobiliário da América Latina. Nas demais cidades da Região Metropolitana os lançamentos caíram 37%, para 13,7 mil unidades, e o valor global dos lançamentos cedeu 43%. O recuo das vendas na capital foi menor (6,6% em relação a 2014), para 20,1 mil unidades, mas a velocidade média mensal das vendas caiu de 7,4% para 5,7% (ou de 51,9% para 41,5% em um ano). Depois de um ano em que o PIB da construção caiu 7,6%, o dobro da redução do PIB brasileiro (3,8%), a recuperação do mercado da capital poderia ser mais rápida em decorrência da aprovação das mudanças no zoneamento, que permitirão aos incorporadores ter mais segurança quanto aos investimentos em novos projetos. Mas as demais condições não estão satisfeitas. O crédito imobiliário continuará escasso, devido às retiradas nas cadernetas de poupança (de R$ 16,2 bilhões líquidos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Com a piora do mercado de trabalho, a demanda continuará fraca, dificultando contratações de empréstimos e estimulando devoluções (distratos). As oscilações de preços de imóveis dificultam as decisões. Como notou o novo presidente do Secovi, Flavio Amary, diante do quadro econômico e de demanda, a perspectiva é de que o mercado não mude muito em relação a 2015.

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