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Estoque de crédito no País cai pelo segundo ano consecutivo

Recuo foi de 0,6% no saldo total e de 3% em operações com recursos da poupança e do BNDES; empréstimo para famílias cresceu

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA – O ano de 2017 terminou com baixa de 0,6% no saldo de crédito no Brasil, conforme dados divulgados nesta segunda-feira, 29, pelo Banco Central. Isso representa uma retração de R$ 20 bilhões no crédito no País, para R$ 3,09 trilhões. 

Foi o segundo ano consecutivo de queda, considerando tanto as operações direcionadas - aquelas com recursos da poupança e do BNDES - quanto as de recursos livres. No começo do ano passado, o BC chegou a calcular uma expansão de 2%, mas posteriormente atualizou sua estimativa para baixa de 1%. 

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Em 2016, o recuo do estoque de crédito foi de 3,5% 

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As dificuldades são maiores no crédito direcionado, que teve saldo 3% menor. Nas operações do BNDES com empresas o estoque de empréstimos e financiamentos recuou 11,8% no ano passado. Considerando as concessões realizadas a cada mês, o crédito do BNDES para empresas caiu 23,1% no ano.

“O BNDES tem devolvido recursos para a União e liquidado operações sem renovação, o que explica essa queda”, afirmou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

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Porém, de acordo com Rocha, não é possível dizer se o crédito do BNDES tem caído em função da falta de demanda por parte das empresas ou porque o banco de fomento está mais restritivo nas liberações. “Não temos uma separação clara entre a oferta e a demanda pelo crédito do BNDES. Nas estatísticas, temos os saldos de operações realizadas, mas não temos como falar de demanda.”

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O fato é que 2018 deu início a uma nova fase para o banco, que passou a utilizar, como referência nos contratos de crédito, a Taxa de Longo Prazo (TLP) em substituição à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). A mudança torna o juro do BNDES mais próximo do que é cobrado no mercado financeiro. A expectativa do BC é de que, com o crescimento da economia, os créditos direcionado e livre possam ter números positivos.

No ano passado, o crédito livre cresceu de 1,7%, puxado principalmente por operações com as famílias (alta de 5,2%). Com o emprego começando a reagir e renda um pouco maior, consumidores estão voltando a acessar linhas crédito.

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Para o economista-chefe do Goldman Sachs, Alberto Ramos, o crédito deve seguir nos próximos meses trajetória de recuperação, especialmente no caso das pessoas físicas, estimulado pela melhora do mercado de trabalho, pelos juros baixos e pela recuperação da economia. No caso das empresas, bancos permanecem exigentes e a retomada pode ser mais lenta, diz.

O BC projeta expansão de 3% para o saldo de crédito em 2018, com alta de 4% para o crédito livre e de 1% no direcionado.

Juros. A taxa média cobrada em operações no Brasil, considerando todas as modalidades de crédito, fechou 2017 em 25,6% ao ano. O porcentual é 6,6 inferior ao visto no fim de 2016. De acordo com Rocha, a queda acompanha a baixa da Selic (a taxa básica da economia), atualmente em 7% ao ano.

A taxa do rotativo do cartão de crédito, apesar de ter caído 163,1 pontos porcentuais, ficou em 334,6% ao ano. No cheque especial, a queda foi de 5,6 pontos, para 323% ao ano. / COLABOROU ALTAMIRO SILVA JUNIOR

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