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Estoque sobe para 28 mil apartamentos

Número equivale a 23 meses de vendas, segundo o Secovi, que vê o mercado buscando se ajustar

Por Heraldo Vaz
Atualização:

Os altos estoques do mercado fazem pressão sobre os lançamentos na prancheta, criando dificuldades para formação dos novos preços. Cai o número de investidores na compra de imóveis, que, depois de valorização exponencial nos últimos anos, agora perdem da inflação. Aumento dos juros e restrições no crédito reforçam a retração das vendas e impulsionam os distratos, como são chamados os cancelamentos de contratos com incorporadoras e construtoras. Na cidade de São Paulo, o volume de estoques, que era de 27.255 unidades na virada do ano, subiu para 28.021 em abril, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP). O número representa 23 meses de vendas - com base no comércio 1.230 unidades/mês no período de um ano. Esse estoque total inclui imóveis na planta, em construção e prontos, lançados entre maio de 2012 e abril de 2015.

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Em nota, o Secovi diz que o mercado procura se ajustar à conjuntura econômica e às notícias negativas, como aumento da taxa de juros e restrição de crédito imobiliário pela Caixa Econômica Federal, a maior financiadora do setor.

Rogério Santos, diretor da Realton, especializada em venda de estoques, prevê que sua empresas cresça de 6% a 10% neste ano. No primeiro trimestre, as vendas da Realton somaram R$ 66 milhões em valor geral de vendas (VGV). Foram 132 imóveis, segundo Santos, com tíquete médio de R$ 500 mil.

Expansão. Para ele, o aumento substancial da quantidade de produtos à venda é reflexo da expansão imobiliária de 2008 para cá. "Estamos falando de sete anos", diz, explicando que um prédio demora três anos para ficar pronto e, em alguns casos, de dois a três para desenvolver o projeto.

"O quadro atual é resultado dos lançamentos pós-abertura de capital", acrescenta, referindo-se às grandes empresas com ações na Bolsa. "Eram companhias familiares que lançavam R$ 400 milhões por ano e passaram para R$ 4 bilhões."

Boa parte dessa produção, na opinião de Santos, ocorreu em função de crescimento econômico, inflação baixa, pleno emprego e fartura de crédito. "A partir do momento que esse cenário foi ruindo, é natural que surgissem problemas", analisa.

O grupo Esser, por ser de capital fechado, tem o negócio muito mais na mão, avalia o diretor comercial Fábio Souza. "Permite corrigir um possível erro rapidamente", diz.

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A incorporadora e construtora Even, que abriu o capital em 2007, registrou lucro líquido de R$ 252,4 milhões no último exercício. "O foco é vender estoque e diminuir nossa exposição em imóveis prontos", diz o vice-presidente de Operações da Even, João Azevedo.

A companhia entrou o ano com estoque de R$ 3 bilhões, sendo 10% de imóveis prontos e 75% com uma previsão de entrega a partir de 2016.

O primeiro trimestre do ano, segundo Azevedo, foi bem fraco. Os números do Secovi para a capital confirmam: queda de 50% nos lançamentos e 27% nas vendas. O executivo acredita na retomada das vendas. "O mercado reprecificou os imóveis", diz. "Estão mais baratos."

Para o próximo semestre, a Even tem um lançamento no Jaçanã, zona norte da capital. "São apartamentos de entrada", afirma, citando a faixa de R$ 350 mil a R$ 450 mil, destinada ao público com renda de R$ 8 mil a R$ 12 mil. "Vamos trabalhar nesse segmento", acrescenta. "Neste ano, os lançamentos devem ser mais nessa linha."

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