‘Estou até o pescoço de consignado’

Aposentado Olavio Santos tem 7 empréstimos e diz que não conseguiria viver sem eles

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Por Márcia De Chiara
2 min de leitura

O aposentado Olavio Pereira dos Santos, de 65 anos, diz que está “até o pescoço” de crédito consignado. Hoje ele tem sete financiamentos nessa modalidade de crédito, que desconta a prestação diretamente da aposentadoria. O empréstimo mais recente Santos pegou na Cooperativa de Crédito do Sindicato dos Aposentados. E a finalidade do empréstimo de R$ 1 mil foi pagar contas do dia a dia.

“Sou separado, tenho filhos na universidade ainda. O empréstimo foi para ajudar a fechar as contas do mês”, conta.

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Santos conta que é assediado por bancos e que diariamente recebe telefonemas oferecendo empréstimos Foto: FOTO:WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Da aposentadoria de cerca de R$ 3 mil, Santos deixa cerca de R$1 mil mensalmente para pagar as prestações dos consignados. São parcelas entre R$ 29, a menor, e R$ 268, a maior. Atualmente, ele não pode pegar mais novos financiamentos porque já comprometeu um terço da renda com esse tipo de crédito.

Nos últimos tempos, o aposentado fez a portabilidade dos empréstimos e concentrou os financiamentos num único banco para gastar menos com juros. No banco que ofereceu a portabilidade, Santos conseguiu parcelar a dívida em 72 vezes, com juros menores do que nas instituições financeiras com as quais ele havia contraído os empréstimos originalmente.

Assédio. “A vida de um aposentado é terrível: recebemos todo dia um, dois ou três telefonemas de alguém querendo emprestar dinheiro ou fazer portabilidade de empréstimos antigos, uma maneira de cair na malha dessa gente”, reclama Santos. Ele observa que, para o mercado, aposentado é sinônimo de uma pessoa que está bem de vida, não precisa mais trabalhar.

No entanto, o interesse dos bancos por esse filão se explica: é um empréstimo sem riscos de perdas ou atraso.

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Apesar do intenso assédio dos bancos, ele acredita que não seria possível fechar as contas do mês sem esse tipo de financiamento.

O aposentado continua trabalhando como empreiteiro e diz que, nos últimos tempos, o volume de serviço caiu porque a construção civil está parada no País. “Para mim, não dá para viver sem o consignado.”/ M.C.

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