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Estrangeiros voltam a oferecer crédito para linhas comerciais

Por Agencia Estado
Atualização:

O estoque de empréstimos que bancos estrangeiros fazem a instituições brasileiras, para que estas repassem a exportadores, cresceu pela primeira vez desde maio. Segundo nota do setor externo divulgada pelo Banco Central nesta quinta-feira, o estoque de linhas de crédito interbancárias para exportação cresceu de US$ 7,294 bilhões em setembro para US$ 7 419 bilhões no dia 15 de outubro. Os bancos estrangeiros vinham cortando sistematicamente o crédito para exportação desde maio, quando destinaram US$ 8 838 bilhões a instituições brasileiras para empréstimos a exportadores. "Trata-se de um crescimento muito pequeno, mas podemos comemorar: parece que os bancos ouviram os apelos de Armínio Fraga e Pedro Malan e pelo menos pararam de cortar o crédito", diz Fernando Honorato Barbosa, economista do BBV Banco. As linhas para importação, consideradas mais arriscadas porque não são garantidas por receita em dólares como as exportações, continuaram caindo: foram de US$ 4,362 bilhões para US$ 4,271 bilhões. O estoque total de linhas registrou queda de 2% em relação a setembro, para US$ 16,025 bilhões (eram US$ 21,7 bilhões em janeiro de 2001). Mas, segundo informações do Banco Central, a boa notícia é que taxa de rolagem de todas as linhas interbancárias (incluindo aquelas não destinadas a importação ou exportação) cresceu de 92% na semana do dia 20 de setembro para 98% na semana do dia 20 de outubro. Isso significa que os bancos estrangeiros estão renovando mais linhas de crédito das instituições brasileiras. "É um sinal muito positivo", diz Barbosa. "Está surgindo a percepção de que, independentemente da transição política, o País está reduzindo sua vulnerabilidade externa e seu risco." Para Emilio Garofalo Filho, ex-diretor do BC, a sangria no crédito foi estancada porque já houve uma certa "precificação" da nova equipe econômica. "O mercado acredita que irá aprovar a nova equipe", diz Garofalo. Segundo ele, o aumento da rolagem de linhas é muito positivo. "Mas só quando o crédito voltar mesmo é que vamos ver uma queda mais acentuada no dólar." Mercado Especialistas do mercado afirmam que ainda não perceberam uma volta substancial nas linhas. "Temos conseguido captar com bancos europeus e latinos, mas são operações pontuais e quantias pequenas, US$ 5 milhões aqui, US$ 3 milhões lá", diz Angelo Vasconcellos, diretor de Câmbio do Unibanco. Vale notar que parte do crescimento no crédito externo para exportações está ligado a uma única operação, registrada no dia 2 de outubro: um empréstimo que o Unibanco fez com o International Finance Corporation (IFC) e conseguiu redirecionar para comércio exterior. De acordo com o diretor de um banco estrangeiro, sua instituição tem muitos empréstimos que ainda não saíram porque continua difícil captar dinheiro lá fora. O diretor-comercial da Aracruz Celulose, João Felipe Carsalade, disse que ainda há muita insegurança. "Mas dá para sentir uma melhora nas linhas, sem dúvida", afirmou. Para o executivo, o mercado ainda vai esperar um tempo depois das eleições para se normalizar. Exportadores de menor porte, porém, ainda não sentiram a mudança de humor do mercado, segundo o diretor de relações internacionais da Associação Brasileira dos Exportadores de Vestuário (Abev), Eliseu Simões Neto. "O problema não é falta de linhas, mas o custo do dinheiro."

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