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Estudo indica pouca mudança para bancos

"O sistema está consolidado com a maioria dos bancos saudáveis. Não deveremos ter as fusões, que modificaram profundamente o sistema bancário nos últimos anos da década de 90", diz ex-diretor do BC.

Por Agencia Estado
Atualização:

Estudo do Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro indica que o mercado bancário não deve sofrer modificações significativas nos próximos anos. "O sistema está consolidado com a maioria dos bancos saudáveis. Não deveremos ter as fusões, que modificaram profundamente o sistema bancário nos últimos anos da década de 90", diz o economista e ex-diretor do Banco Central, Antonio Chagas Meirelles. O economista acredita que o processo de concentração de bancos continuará se intensificando, mas que este fenômeno se dará por um crescimento dos bancos e não por meio de fusões. De acordo com o estudo, os seis maiores bancos concentram hoje cerca de 57% dos ativos bancários privados do País. "Em 1998, fiz um estudo prevendo que em 2003 os seis maiores bancos teriam 60% dos ativos privados. Como a concentração já atinge 57% agora, acredito que em 2003 o índice de 60% será ultrapassado." O economista disse ainda que a concentração dos bancos pode levar a uma redução dos spreads, devido a ganhos de escala das instituições. Fortes candidatos - Meirelles acredita que há ainda cinco bancos no Brasil com características que os tornam candidatos à compra por instituições maiores. Esses bancos são o Mercantil Finasa (209 agências, 1,65% do mercado), o Banco Cidade (24 agências, 0,68% do mercado), o Banco Rural (61 agências, 0,52% do mercado), Banco Mercantil do Brasil (181 agências, 0,49% do mercado) e BicBanco (37 agências, 0,47% do mercado). De acorco com estudo realizado por Meirelles para o Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro, "o alto índice de capitalização do Mercantil Finasa, aliado ao fato de o grupo controlador deter significativa parcela do capital votante, eleva o seu preço de venda na avaliação de potenciais compradores". No caso dos outros quatro bancos, Meirelles destaca que, embora pequenos ou médios, eles demonstraram grande capacidade de sobrevivência nos últimos anos. "Nichos específicos de mercado e tratamente personalizado aos clientes parecem ser a chave do sucesso dessas instituições", escreve o economista. Meirelles não acredita que bancos de pequeno e médio porte se fundam para enfrentar a concorrência de instituições de maior porte. "A experiência mostra que as fusões nunca foram muito utilizadas no Brasil", diz o ex-diretor do BC. Banco estrangeiro - Ele diz ainda que a entrada de grandes bancos estrangeiros no mercado brasileiro foi benéfica por ter ajudado a consolidar o setor no Brasil. "Estamos realizando estudo, que deve ficar pronto em cerca de um mês, analisando em detalhes qual foi a influência da entrada desses bancos no sistema financeiro", disse. De acordo com o economista, o Brasil é hoje o segundo País com maior participação de bancos estrangeiros em seu mercado, com 45% dos ativos privados controlados por instituições de capital estrangeiro. "Na Argentina, esse índice está em cerca de 52%", afirmou. Meirelles realizou o estudo "A dinâmica da evolução recente da estrutura bancária brasileira e qual a estrutura mais provável para os próximos anos", para o Sindicato dos Bancos do Estado do Rio de Janeiro.

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