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Estudo mostra que subsídios agrícolas enriquecem americanos

Se os subsídios ao algodão forem completamente retirados, o estudo estima que a produção americana poderá sofrer uma queda de quase 15% nos próximos quinze anos no setor algodoeiro

Por Agencia Estado
Atualização:

Com bilhões de dólares em subsídios, os grandes proprietários de terra nos Estados Unidos já contam com uma renda média acima dos moradores das metrópoles americanas. A avaliação é do principal instituto de pesquisas econômicas da Austrália, que nesta quinta-feira publicou seus cálculos no dia em que o Brasil enviou para a Organização Mundial do Comércio (OMC) um pedido de abertura de painel contra a Casa Branca por causa dos subsídios ao algodão. Se essa ajuda for completamente retirada, o estudo estima que a produção americana poderá sofrer uma queda de quase 15% nos próximos quinze anos no setor algodoeiro. Recebendo cerca de US$ 20 bilhões por ano desde 2000, os representantes da agricultura americana começam a se organizar para tentar influenciar na aprovação da nova Farm Bill, lei americana que determinará os subsídios entre 2007 e 2011. Segundo o Escritório Australiano de Agricultura, conhecido por sua sigla ABARE, alerta que uma reforma da produção americana não apenas seria positiva para as exportações de outros países como economizaria US$ 120 bilhões do orçamento público dos Estados Unidos até o ano de 2020. De acordo com o estudo, 93% de todos os subsídios americanos vão para cinco produtos: soja, arroz, trigo, algodão e milho. No caso do algodão, principal alvo dos ataques brasileiros contra os Estados Unidos na OMC, uma liberalização do setor geraria uma queda na produção até 2020 de pelo menos 11%. Já a renda do produtor poderia ter uma redução de 19%. A OMC já condenou os subsídios americanos ao algodão. Mas mesmo assim os Estados Unidos continuam distribuindo os recursos a seus produtores. O Brasil, com o pedido feito ontem, espera que uma investigação seja aberta pela entidade no próximo dia 28. A OMC terá então três meses para determinar se a Casa Branca está ou não respeitando as leis internacionais. Mas não é apenas a produção de algodão que sofreria nos Estados Unidos com uma queda de subsídios. O maior afetado seria o produtor de açúcar. A liberalização do setor geraria uma queda da produção do país de 31% até 2020, além de uma redução da renda do produtor de 42%. Etanol Outro setor que sofreria seria o do milho. Segundo o estudo, porém, há uma indicação cada vez mais clara de que parte da produção de milho e do açúcar poderá ser revertida para a fabricação de etanol. Isso ocorreria principalmente com a queda nos preços internos para os dois produtos e o aumento da importação. De acordo com o levantamento, a produção de etanol nos Estados Unidos pode até dobrar nos próximos cinco anos diante desse cenário e de incentivos do governo. Para os autores do estudo, porém, a reforma nos subsídios americanos não significaria o fim da produção dos Estados Unidos no campo. Isso porque os recursos poderiam ser distribuídos de forma mais eficiente. A produção de carnes e frutas, por exemplo, poderiam até aumentar entre 2% e 5% na próxima década. De acordo com o levantamento, os subsídios não tem sido eficientes em manter os pequenos agricultores no campo. Isso porque grande parte dos subsídios foram distribuídos para as grandes propriedades. Hoje, 70% da produção agrícola americana é realizada por apenas 10% das fazendas. Não por acaso, esses fazendeiros conseguem ter uma renda de US$ 460 mil por anos, quase cinco maior que a renda de uma família nas cidades americanas. Atualmente, apenas 2% da mão de obra americana está no campo, ou seja, 3 milhões de pessoas.

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