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Estudo revela que etanol não pressiona inflação nos EUA

Por JAMIL CHADE
Atualização:

Um amplo estudo realizado por especialistas em matérias-primas nos Estados Unidos concluiu que não é o etanol (álcool combustível) nem a demanda por milho nos Estados Unidos para as usinas que está pressionando a inflação nos preços de alimentos nos países ricos e mesmo no mercado internacional. Segundo um levantamento da consultoria Informa Economics, a produção de etanol não está tendo praticamente nenhum impacto no preço dos alimentos, ao contrário do que dizem os mais críticos das iniciativas relativas ao etanol e mesmo funcionários da ONU. A alta nos preços de alimentos vem assustando uma série de governos e colocando os bancos centrais em estado de alerta. Protestos já foram registrados em algumas cidades em países pobres por conta da inflação no valor dos alimentos e economistas já chegam a alertar que a era de "comida barata" acabou. Nos Estados Unidos, a pressão inflacionária é a maior em 25 anos, com uma alta nos preços de alimentos de 6% nos nove primeiros meses do ano. Para os especialistas da empresa americana, a alta vem de dois fatores: os custos de transportes e a demanda mundial em transformação, principalmente com o maior consumo de alimentos na China. O estudo foi feito com base em dados dos últimos 20 anos, tanto no comércio do milho como no impacto no índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos. "O que descobrimos é que o conceito de que o etanol seria responsável pela alta não tem fundamento. Não se pode acusar o etanol pela inflação", afirmou Bruce Scherr, diretor da Informa. Ele admite que a explosão do número de investimentos na indústria do etanol tem gerado uma renda recorde para o setor do milho nos Estados Unidos. Mas isso não significaria uma alta nos preços para o consumidor. De acordo com o levantamento, para cada dólar gasto nos Estados Unidos por um consumidor, apenas 19 centavos vão ao produtor. O restante paga o transporte, comercialização, intermediários e empacotamento. Em 1973, a proporção do valor do alimento que acaba com o produtor chegava a 37%. Segundo os especialistas, os altos preços do petróleo, além da explosão de uma nova classe consumidora na Ásia, são os reais fatores da pressão sobre a inflação. Há dois meses, a União Européia também já havia alertado que não era a produção de biocombustíveis que estava criando o problema nos preços dos alimentos, desmontando as críticas por partes de ativistas contrários ao etanol.

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